MUSEU DE CADA UM, PATRIMÔNIO DE TODOS NÓS: BRINCANDO DE CONSTRUIR IDEIAS SOBRE MUSEUS E PATRIMÔNIOS NO SUL DE MINAS GERAIS

Apresentação
O presente projeto, realizado desde 2013, consiste em desenvolver atividades de Educação Patrimonial com o público infanto-juvenil (05 a 18 anos) de escolas públicas e particulares e ONGs dos municípios da região Sul Mineira. A proposta já foi realizada nas seguintes cidades: Alfenas, Areado, Serrania, Paraguaçu, Divisa Nova, Campos Gerais, Machado, Poço Fundo, Guaranésia, São Pedro da União, Fortaleza de Minas, São Sebastião do Paraíso, Nepomuceno, Luminárias e Pedralva. Ainda, visamos elaborar propostas de educação patrimonial para a comunidade acadêmica da UNIFAL-MG, até então não realizadas. Nossa proposta é explicitar, na prática, como todo tipo de museu e de patrimônio são importantes, sejam os constituídos pela UNIFAL-MG ou pelas próprias crianças, adolescentes ou comunidade da UNIFAL-MG. Visamos reforçar que patrimônios estão em todos os lugares, bastando que alguém reconheça e tome como seu.

Objetivos
- Propiciar aos discentes e demais colaboradores um envolvimento com a Cultura, Memória e Patrimônios da Região Sul Mineira; - Trabalhar de forma crítica e reflexiva os conceitos de Patrimônio e Museu, a partir de reflexões e discussões teóricas sobre o campo; - Apresentar ao público os resultados das reflexões teóricas acima apresentadas, porém privilegiando sempre a subjetividade e interpretação de cada um sobre os conceitos.

Justificativa
Para Tolentino (2016), muito se fala de educação patrimonial, mas pouco se pensa e reflete sobre a ação, em todas as esferas. Para tal, esse autor apresenta cinco falácias acerca do que se comumente aponta como educação patrimonial e que, em sua perspectiva, são equívocos. Aqui destacaremos quatro delas. A primeira aponta a educação patrimonial como um instrumento de alfabetização cultural: em geral, tem-se a ideia de educação patrimonial como uma metodologia instrutiva (“transmissão de conhecimento”). O equívoco consiste no fato de que “ao afirmar que é necessário alfabetizar o outro culturalmente, não reconhecemos o outro como produtor e protagonista de sua própria cultura e colocamos uma cultura (a minha) como superior à outra (a do outro)” (TOLENTINO, 2016, p.40-41). Tolentino ainda aponta que essa metodologia que se percebe como “instrumento de alfabetização cultural” está mais preocupada com os objetos do que com os sujeitos. A segunda falácia aponta a educação patrimonial como uma conscientização da população para a preservação do patrimônio cultural. Conscientizar transmite a ideia de “trazer consciência”, “levar a luz ao outro”, partindo, também, do pressuposto de que somos os únicos detentores do conhecimento levando àqueles que não o possuem: “a ideia redentora de conscientizar o Outro, tão propalada por educadores e técnicos do campo do patrimônio, revela uma violência simbólica (Bourdieu, 1989) ante as comunidades” (TOLENTINO, 2016, p.42). A terceira falácia é a que aponta educação patrimonial como destinada aos patrimônios culturais tutelados pelo Estado. É ainda bastante recorrente, em muitos projetos e ações de educação patrimonial, que eles se voltem exclusivamente aos bens culturais tutelados ou consagrados pelo Estado. Desconsidera-se, portanto, que patrimônio não é algo dado, que existe por si só e antes mesmo do sujeito social. Todo patrimônio é uma construção, seja essa social; acadêmica; de distintas coletividades; ou até mesmo pessoal. A quarta e última aqui destacada é a célebre frase “é preciso conhecer para preservar”. Essa prerrogativa nos coloca frente às seguintes questões: de que tipos de patrimônios estamos falando que “eles precisam conhecer”? Se for aquilo que eles já vivenciam, em que sentido estamos afirmando que é necessário conhecer? O conhecimento é a garantia da preservação? Faz-se necessário ir além do conhecer: é possível considerar que dado grupo a quem a atividade de educação patrimonial está dirigida conheça os bens de forma mais intensa e diferenciada e, ainda, é capaz de apontar outros bens desconhecidos para quem está oferecendo a atividade. Assim, é possível inferir que, por meio do projeto aqui proposto, que visa trabalhar os conceitos de Museu, Patrimônio (nas dimensões material e imaterial), tanto por meio da apresentação dos conceitos quanto da verificação deles em atividades lúdicas, o Museu da Memória e Patrimônio se torna ator no processo de construção e identificação de patrimônios – sejam os patrimônios já reconhecidos (tombados ou registrados pelos órgãos competentes) quanto os identificados pelos próprios participantes (a escola, os objetos de família etc). Isso se dá nos três encontros que estabelecemos com os participantes, conforme apresentado a seguir: 1. Primeiro contato e apresentação dos conceitos de Museu e Patrimônio - Nesse momento, trabalhamos com as crianças e adolescentes a premissa de que as instâncias museu e patrimônio não estão além deles: eles mesmos constroem, identificam e percebem seus patrimônios. Ainda, visamos o entendimento de que museu está além do senso comum de "lugar de coisas velhas”. Ele pode ser visto, em sua concepção macro, como o próprio mundo em que vivemos; 2. Aplicação do conceito de Museu e Patrimônio - No segundo encontro, o objetivo é entender, na prática, como se constitui um museu. Museus, em sua maioria, são constituídos por objetos que 'contam' mais sobre nossas histórias pessoais do que sobre si mesmos. Faz-se necessário entender que Museu se constitui exatamente nesta relação que estabelecemos com nossas identidades e memórias, a partir destes fragmentos de nossas relações – nossos patrimônios pessoais; 3. Aplicação do conceito de Museu, Patrimônio Material e Imaterial - Neste momento explicitamos, na prática, como todo tipo de museu e de patrimônios são importantes, sejam os constituídos pela UNIFAL-MG ou por eles próprios. Visamos reforçar que patrimônios estão em todos os lugares, bastando que alguém reconheça e tome como seu. Para o ano de 2019 estenderemos nossa atuação para a comunidade acadêmica da UNIFAL-MG, por meio de novas propostas a serem construídas pelo coletivo de atuantes do projeto. Nos anos de 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017 o projeto teve auxílio da Pró-Reitoria de Extensão em bolsas. O projeto foi aprovado pelo PROEXT/MEC 2015 e recebeu recursos para desenvolvimento de suas atividades.

Beneficiário
Poderá envolver docentes, discentes e demais funcionários da UNIFAL-MG; e membros da comunidade externa na sua execução. Público-alvo: crianças e adolescentes de 05 a 18 anos das redes públicas, particulares e projetos sociais; e comunidade acadêmica da UNIFAL-MG.