Apresentação
Recentemente, a Netflix lançou a série “Adolescência” que tem ganhado grande repercussão e gerado intensos debates sobre um fenômeno social, ainda tabu (pouco explorado/melindroso: as diferentes formas que a violência assume no contexto escolar e como vem sendo explorada e amplificada pelo submundo das redes sociais. Geralmente, seus impactos alcançam visibilidade quando extremos, a exemplo dos assassinatos ou assassinatos em massa ou suicídios. Mas as atitudes de violência extrema têm uma história, marcada por sofrimento emocional, situações de humilhação, baixa estima, isolamento social, dentre outras. Nós, profissionais da educação, da saúde, cultura, responsáveis por crianças e jovens precisamos de um momento de reflexão sobre esse mundo que tem nos adoecido e a série “Adolescência”, por sua repercussão, é o nosso ponto de partida. Venha participar desta ‘aula aberta”!!
Objetivos
Não disponível para preenchimento
Justificativa
A relação entre violência e escola, considerada por Aquino (1998, p. 7) como uma “indigesta justaposição”, tem adquirido, de forma cada vez mais recorrente e necessária, o lugar de objeto de estudos entre os pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, no Brasil e no mundo (SPOSITO, 1998; ABRAMOVAY; RUAS, 2002; FANTE, 2005; CROCHIK, 2014; 2015; 2022); OLWEUS, 1978, 1999; DEBARBIEUX; BLAYA, 2002); e, ainda que de forma tímida, ao ser compreendida como um problema social, a violência escolar tem sido pauta das agendas governamentais, resultando em políticas públicas para o enfrentamento e superação deste fenômeno, como por exemplo a Lei brasileira nº 13.663 (BRASIL, 2018) que altera o art. 12 da Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), “[...] para incluir a promoção de medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência e a promoção da cultura de paz entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino”. Mesmo reconhecendo que a violência é algo que nos constitui psiquicamente (Freud, 1986) , cabe destacar que, quanto mais conflitiva é a sociedade, tanto maiores serão as necessidades de manifestação da violência. Nesse sentido, as variáveis psíquicas e sociais não podem ser compreendidas isoladamente, pois uma sociedade que se organiza pelo antagonismo e dominação entre classes e pelas relações hierarquizadas dela resultantes, gera uma tensão que conduz às diferentes formas de manifestação da violência. A escola, como instituição social mediadora, recebe crianças, jovens e adultos com a responsabilidade de contribuir para o pleno desenvolvimento e exercício da cidadania de todos que lá estão: estudantes, profissionais, famílias (Brasil, 1996). Porém, como a violência é um fenômeno social, presente nas escolas, que conduz à uma condição de vulnerabilidade humana e social e que corrompe as possibilidades de exercício da cidadania e da vivência de uma vida digna em uma sociedade democrática, como preconiza a legislação nacional (BRASIL, 1988; 1996), muitos são os obstáculos que a impede de cumprir com essa função. Isso posto, identificar suas diferentes formas de manifestação no ambiente escolar e propor ações para seu enfrentamento tornou-se uma exigência de tamanha importância que ganhou o peso da lei. A série “Adolescência”, disponível por streaming, traz a tona essa realidade escolar e expõe um universo desconhecido para os adultos: o submundo da internet, marcado por uma masculinidade raivosa, que coloca homens e mulheres em lados opostos e impondo uma relação conflitante entre ambos. As inseguranças, incertezas e medos, inerentes a esta fase, ganham ‘sentido’ através dos discursos de ódio às mulheres, exaltação da masculinidade violenta e pelo incentivo à manifestação de coragem, traduzida por danos causados a outrem. Como profissionais da educação, afirmamos a exigência de uma educação inclusiva, o que implica reconhecer o seu oposto e dialogar sobre ele e, no caso deste evento, a exigência que se apresenta é problematizar: por que jovens como Jamie Miller (Owen Cooper), personagem da série, cometem crimes tão bárbaros? Quais fatores estão envolvidos que dão vazão às explosões violentas? Compreendemos, portanto, que a educação inclusiva é, por um lado, uma ideia e enquanto ‘ideia’ e resultante do pensamento é, “(...) acima de tudo, uma antecipação de alguma coisa que pode acontecer: ela marca uma possibilidade." (Dewey, apud Abbagnano, 2000, pp. 527-528) e, por outro, envolve um movimento, uma construção, uma ação, porque “Sempre que alcança algo importante, o pensamento produz um impulso prático (...)” (Adorno, 1995, p.210). o que a torna “O maior desafio do sistema escolar em todo o mundo é o da inclusão educacional.” (Ainscow, 2009, p.11). Nosso impulso prático foi de criar essas rodas de conversas para falarmos de algo ainda nebuloso para muitos nós, responsáveis, profissionais da educação da saúde e publicizar esse tema de modo que possamos vislumbrar uma educação e sociedade justa e inclusiva.
Beneficiário
Todas as pessoas interessadas no debate sobre o tema da violência escolar