Apresentação
Constata-se que as imagens têm estado presentes nas expressões artísticas e, concomitantemente, têm sido objeto de estudo de outras áreas do conhecimento como a filosofia, história, educação, psicologia, sociologia, comunicação, semiótica, meio ambiente e sustentabilidade, por citar algumas, o que revela a natureza interdisciplinar que possuem as imagens, bem como sua capacidade singular para sugerir significados e interpretações de sentido. Deste modo, pensar a imagem hoje nos leva a percorrer um pensamento dialético que se articula com o conhecimento de mundo e, também, com o universo do fenômeno estético, da memória, assim como das diversas possibilidades de leitura e letramento audiovisual, juntamente com questões sociais significativas, entre elas, as que envolvem a diversidade de gênero, negritude, direitos humanos, etc. Neste cenário surgiu, precisamente, a necessidade de inserir o cinema e leitura de imagens cinematográficas no contexto direcionado à temática étnico-racial.
Objetivos
OBJETIVO GERAL: Desenvolver ações extensionistas por meio da divulgação e exibição de filmes que abordem e discutam a temática étnico-racial compreendendo a inclusão da diversidade étnica brasileira com foco em questões étnico-raciais tais como o racismo, a negritude, o preconceito, desigualdade, discriminação, direitos humanos e outras, de modo a promover o pensamento crítico e a sensibilização, tendo como finalidade diminuir situações racistas, discriminatórias e preconceituosas, em conformidade com os propósitos e/ou atividades do NEABI-Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, porém, também, em concordância com os objetivos estratégicos do eixo temático voltado à Extensão que faz parte do Plano de Desenvolvimento Institucional da UNIFAL-MG (2021-2025), principalmente no que se refere ao fomento de “ações culturais na universidade, por meio de uma política permanente para cultura, de forma a se tornar um espaço de referência regional na produção e fruição de arte e cultura.” (PDI-EXT2, p. 50), e, sobretudo, pelo “diálogo com os segmentos sociais em situação de exclusão social e violação de direitos, assim como com os movimentos sociais e a gestão pública” (PDI-EXT6, p. 53). OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 1) Reflexionar sobre o cinema enquanto uma linguagem de expressão artística audiovisual, bem cultural e importante instrumento de conhecimento que permite o desenvolvimento da leitura de imagens, formas de letramento audiovisual e inclusão social. 2) Propiciar condições educativas para a formação formal, extracurricular ou complementar dos alunos, discentes, professores, funcionários, espectadores e/ou integrantes da comunidade interna acadêmica e externa alfenense ou regional interessada, de modo que possam aprimorar as competências e habilidades leitoras por meio da linguagem do cinema e a discussão de questões étnico-raciais aludidas. 3) Dar continuidade ao Grupo de Estudos (GP) com discentes, professores, funcionários e pessoas interessadas da comunidade acadêmica interna da UNIFAL e também externa alfenense visando a reflexão e a discussão de questões étnico-raciais por meio do cinema e à leitura de imagens cinematográficas, assim como continuidade à elaboração do catálogo de filmes com a temática étnico-racial que será publicado e disponibilizado para as escolas e usuários interessados em geral.
Justificativa
Segundo Joly (2007, p. 9), vivemos uma civilização de imagens, cuja utilização generaliza-se de fato e, quer as olhemos, quer as fabriquemos, somos quotidianamente levados à sua utilização, decifração e interpretação. Deste modo, o ato de ler imagens contém um profundo significado de decodificação de sinais visuais. Toda imagem, seja entendida como ícone, figura, ilustração, desenho, fotografia, pictograma etc., representa uma importante fonte de informação e comunicação. A imagem visual traz consigo uma mensagem implícita que pode ser lida e interpretada por uma pessoa e de acordo com a estratégia ou dinâmica do professor e que também poderá ser utilizada como recurso didático-pedagógico para estimular a expressão oral e/ou escrita e facilitar por meio da compreensão audiovisual determinados e outros conteúdos curriculares formativos no ensino. Assim, de acordo com Samain (2012. p. 14), é possível conjecturar que “as imagens são portadoras de pensamento e como tal nos fazem pensar” enquanto “formas que pensam”. Portanto, se torna relevante considerar que as imagens, desempenham funções significativas nos processos cognitivos, de leitura e letramento audiovisual, assim como do papel exercido pelas diversas interações artísticas e socioculturais, e ainda mais em questões com foco na temática étnico-racial. À vista disso, por exemplo, a imagem do negro brasileiro está vinculada, tradicionalmente, com a escravidão e a pobreza, e o branqueamento, pode ser considerado uma forma de se aproximar da classe dominante, o que significa negar, de alguma maneira, a sua origem. Para Telles (2003, p. 312) os seres humanos são guiados por ideologias de hierarquias e de dominação racial, dessa forma impõem categorias raciais e tratam uns aos outros seguindo as mesmas, e ainda acrescenta “o racismo e a desigualdade racial persistem na exclusão de pessoas negras e as impede de gozar as oportunidades surgidas como o desenvolvimento econômico brasileiro e a restituição dos direitos de cidadania. Esse é o paradoxo da miscigenação brasileira. ” Certamente, as imagens enquanto “formas que pensam”, conforme assinalado nas linhas precedentes, constituem uma forma complexa de linguagem e de manifestação expressiva que envolve intrincados processos de leitura e mecanismos perceptivos abrangendo uma diversidade de formas de representação, incluindo desde a percepção sonora até outras experiências sensíveis de leitura, interpretação e linguagens. Vale salientar que, entre o desdobramento de suas ações serão promovidas exibições de filmes de longa-metragem, curtas-metragens, documentários com debate, convidados e a discussão/debate de questões étnico-raciais voltadas à comunidade acadêmica discente, docentes, funcionários, mas também direcionadas ao atendimento das escolas, professores da comunidade externa alfenense, regional e de outros setores ou entidades interessadas, cujas ações e abordagens vêm de encontro às Metas 22, 23 e 24 do Plano Nacional de Cultura do Ministério de Cultura (2011) focadas na valorização da cultura audiovisual por meio do cinema e incentivo às exibições de filmes no contexto do espaço cinematográfico brasileiro, sendo que, ainda podem ser contempladas ações e demandas cinematográficas específicas favorecidas pela aprovação da Lei nº 13.006 do Governo Federal (2014) que determinou e incentivou que as escolas deveriam incluir a exibição de no mínimo duas horas mensais de filmes nacionais como componente curricular e complementar integrado às propostas pedagógicas. (Para se ter uma ideia de alguns filmes que serão exibidos, solicitamos consultar nos ANEXOS desta proposta, o levantamento de um catálogo preliminar de títulos de filmes considerados étnico-raciais que vem sendo elaborado por discentes participantes do GT). O enfoque na supracitada temática se faz a partir do entendimento da compreensão da necessidade e importância de, na condição de instituição formadora, a serviço da sociedade, contribuir, assim como o destaca Prudente (2019, p.12) quando se refere à “luta ontológica da horizontalidade da imagem do íbero-ásio-afro-ameríndio, enquanto minorias contra a dominação hegemônica da verticalidade imagética do euro-hétero-macho-autoritário. Esta luta ontológica se estabeleceu no processo da contemporaneidade inclusiva de imagem das minorias versus o anacronismo excludente da imagética eurocolonial estabelecida”. Trata-se, portanto, de associar o processo educativo pretendido, por meio da fruição de obras da sétima arte, à compreensão e reversão da invisibilidade simbólica, bem como da visibilidade marginal/negativa a que historicamente os segmentos não brancos da população brasileira foram relegados na sociedade em geral e, de modo específico, na produção cinematográfica e audiovisual.
Beneficiário
Discentes da Graduação e Pós-Graduação; estudantes das escolas estaduais, municipais e particulares; professores e docentes em geral; funcionários e TAEs, entidades e pessoas interessadas da comunidade alfenense e região do sul de Minas, e também integrantes do NEABI – UNIFAL-MG.