PROJETO (DE)COMPONDO: HORTA COMUNITÁRIA E COMPOSTAGEM NO CAMPUS DE POÇOS DE CALDAS

Apresentação
O presente projeto dará seguimento implementação de uma horta de uso coletivo para a comunidade local, bem como uma composteira para geração de adubo orgânico, proveniente dos rejeitos sólidos orgânicos do restaurante universitário, abordando duas temáticas relevantes em nossa sociedade: a segurança alimentar e a gestão de resíduos sólidos. A implementação de espaços voltados a tais práticas, especialmente dentro de um ambiente de formação e de trabalho, permitem que novos valores sejam cultivados, promovendo a mudança de atitudes, a geração de novos conhecimentos, e, em última análise, incrementando a qualidade de vida. O campus de Poços de Caldas, além de estar cercado por uma exuberante natureza, possui uma ampla área desocupada, com enorme potencial de práticas sustentáveis que podem ressaltar o contato com a natureza e com atividades sustentáveis. O projeto visa atender a comunidade universitária,e servir futuramente de espaço de visita didática de escolas da região.

Objetivos
- Implementar um sistema eficiente de compostagem de resíduos no restaurante universitário; - Diminuir significativamente o volume de descarte inadequado de resíduos orgânicos gerados pelo restaurante universitário; - Produzir composto orgânico de qualidade para uso na horta e jardins da universidade; - Produzir de alimentos livres de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos; - Integrar a comunidade acadêmica; - Incrementar a qualidade de vida e de trabalho no campus; - Aumentar as práticas ambientalmente e socialmente sustentáveis dentro do campus.

Justificativa
O projeto toca uma questão muito sensível à sociedade: a da segurança alimentar. Que alimentos estamos ingerindo? Qual a procedência dos mesmos? Possuem resíduos de agrotóxicos? Quanto e de que natureza? Sabemos que o Brasil, desde 2009, é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Dados recentes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) indicam que, em quantidade de ingrediente-ativo, são consumidas cerca de 130 mil toneladas no país, por ano – “representando um aumento no consumo de agrotóxicos de 700% nos últimos quarenta anos, enquanto a área agrícola aumentou 78% nesse período”. Em 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) realizou o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), em todas os 26 estados brasileiros, concluindo que nada menos que um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos agrotóxicos. A região sudeste, onde nos encontramos, é a maior usuária destes produtos. É também sabido que o consumo de alimentos contaminados por agrotóxicos são altamente prejudiciais à saúde – ainda mais quando a fiscalização do uso é precária. Um dossiê recente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) relata que, ainda que se saiba muito pouco sobre os efeitos da exposição múltipla e a baixas doses, “as evidências já disponíveis de danos dos agrotóxicos à saúde alertam para a gravidade da problemática, na medida em que dialogam com os grupos de agravos prevalentes no perfil de morbi-mortalidade do país”. Ao mesmo tempo, o Brasil ocupa posição de destaque na produção de produtos orgânicos. A produção de produtos orgânicos vem crescendo significativamente – cerca de 40% ao ano, e estima-se que a agricultura orgânica deva movimentar cerca de R$2,6 bilhões este ano. O mesmo vale para a destinação dos resíduos sólidos orgânicos na sociedade. A gestão destes resíduos é um problema grave e crescente em qualquer cidade, por uma série de motivos: coleta onerosa, local de descarte, exigências e multas dos órgãos ambientais, resistência das pequenas vizinhas às grandes cidades em ceder terrenos para novos aterros sanitários, catação por pessoas carentes, proliferação de ratos, insetos, doenças, etc. Promover a coleta seletiva para reciclagem de materiais já é objetivo (exitoso) de um dos projetos de extensão presentes no campus do ICT – o Recicla Unifal. Temos, todavia, uma demanda interna com os resíduos gerados pela produção de refeições no Restaurante Universitário, que ainda são destinados ao lixo comum em uma quantidade significativa, e sem que haja um destino mais apropriado. Ao mesmo tempo, há uma demanda de adubo orgânico para o plantio de espécies arbustivas e arbóreas, que deverá ser significativo para a execução do plano diretor do campus, que contará com muitas espécies vegetais. O processo de compostagem dos resíduos orgânicos permitirá a produção de matéria orgânica para este fim, bem como para a produção de alimentos na horta. O contato próximo à produção de alimentos orgânicos, bem como aos processos de reciclagem de material/resíduos orgânicos, promove um debate cada vez mais urgente em nossa sociedade - destino final de trabalho dos egressos do ICT. No contexto acadêmico do campus, onde forma-se engenheiros da área ambiental e química, este debate se faz fundamental. Considerando-se ainda o perfil interdisciplinar do curso de engenharia, no modelo BCT (Bacharelado Interdisciplinar em Ciência Tecnologia), a relevância do projeto é ainda mais pertinente, na medida em que tais espaços, considerados aqui como de educação e de pesquisa, promovem uma articulação de saberes e habilidades bastante diversas. Tais espaços, pensados como espaços aplicados de técnica e de tecnologia, permitirá aos participantes do projeto reflexões sobre potenciais de aperfeiçoamento e inovação, bem como campos de pesquisa (micronutrientes, solo, eficiência, etc,). Além disso, uma vez testemunhado o êxito de tais espaços, há a possibilidade de implementação de horta e composteira doméstica, que são temas relevantes do ponto de vista social. A chamada agricultura urbana já é foco de atenção em nosso país. A matéria do Estadão, com colaboração do SENAC, no ano passado, comenta o seguinte: ao redor das hortas, as pessoas se encontram e convivem, colocando energia em um projeto cheio de significados. “E tem mais: elas colocam a mão na terra, plantam, entendem e acompanham de perto o ciclo produtivo. Há benefícios sociais enormes em torno do engajamento e da atividade”. A matéria enfatiza que a produção local de alimentos pode transformar a relação das pessoas com a comida, a cidade, a saúde. Entendemos que esta seja a principal aposta, e relevância, do projeto.

Beneficiário
Inicialmente serão beneficiados neste projeto todos os estudantes de graduação e pós-graduação, servidores e funcionários terceirizados do campus. O espaço ainda atuará como espaço didático para escolas públicas da região.