CAFÉ COM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ANO IV – SENTIDOS DO TRABALHO NO ESPAÇO PÚBLICO

Apresentação
O projeto “Café com Administração Pública” chega ao seu quarto ano em 2017. Pretendemos dar sequência às atividades enfocando, nesta edição, nas temáticas “política, trabalho, cultura e sociedade”, tendo como eixo “os sentidos do trabalho no espaço público”. Seguindo a natureza interdisciplinar que este projeto preserva, o objetivo é dialogar com estudantes, gestores públicos e sociedade a partir de bases críticas para trazer um olhar multifacetado à compreensão do papel do Administrador Público na sociedade. A proposta continua interagindo com possibilidades de atuação na carreira de gestor público, estando o modo como operaremos o debate centrado na promoção de eventos que envolvam comunidade acadêmica, sociedade e representantes de diferentes órgãos públicos. Divulgaremos cada uma das ações a escolas de ensino fundamental e médio de Varginha, associações de bairro, Ongs, diferentes órgãos municipais e atores sociais partícipes nas políticas públicas nos municípios da região.

Objetivos
Considerando a prerrogativa de que há necessidade de maior aproximação do universo acadêmico tanto aos profissionais que atuam na área da administração pública quanto da sociedade civil que legitima a atuação destes profissionais, na proposta do projeto “Café com Administração Pública” dessa edição, elegemos como objetivos específicos: - promover o diálogo entre gestores públicos, comunidade acadêmica e sociedade civil, integrando universidade e sociedade e contribuindo para formação de estudantes de diferentes cursos da Unifal-MG/Campus Varginha e de outras instituições de ensino. - tematizar os sentidos do trabalho na esfera pública, de modo que se compreendam impactos do mundo do trabalho e da nova realidade trabalhista para o servidor público e à sociedade como um todo; - proporcionar um olhar crítico do papel do gestor público em conexão com diferentes atores que compõem seu campo de atuação; - debater experiências profissionais em diferentes setores, de modo que os coparticipes compreendam os desafios postos na esfera pública; - aproximar o debate político e social da administração, de modo a entender a importância do papel dos políticos e de diferentes movimentos sociais na transformação da sociedade; - proporcionar o diálogo e contato dos diferentes públicos participantes, despertando o interesse na carreira na Administração Pública; - contribuir para que os gestores públicos possam refletir sobre sua prática em gestão pública, considerando seus problemas, dificuldades e busca por alternativas que apontem para possíveis soluções; - contribuir à manutenção da memória a respeito de fatos históricos que reconfiguraram a sociedade e política brasileiras; - contribuir para a compreensão do papel da universidade na formação do sujeito crítico, de modo a atentar às práticas de ensino e pesquisa no campo. - permitir que integrantes da sociedade civil compreendam a complexidade do papel do gestor público, bem como os desafios inerentes à formação dos futuros profissionais da área.

Justificativa
O ensino da Administração Pública enquanto ciência tem seu marco em 1952 com a criação da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) e posteriormente com a oferta de cursos de graduação em Administração Pública pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) em 1963 (PINTO e MOTTER, 2012). Desde a concepção inicial do curso de Administração Pública enquanto articulador direto na formação de profissionais específicos para a atuação em diferentes áreas do setor público, inúmeras têm sido as barreiras de aprendizado por parte dos discentes quanto ao desenvolvimento de metodologias de ensino por parte dos docentes que despertem maior interesse pela área. Coelho (2008) ressalta que um dos principais desafios enfrentados pelos cursos de bacharelado em Administração Pública no país ocorre logo no ingresso dos alunos, uma vez que a atração de alunos é dificultada, em especial, por dois fatores: o desgaste da imagem do Estado e as perspectivas de trabalho incertas. Outro desafio que acompanha a formação do gestor público é a necessária abordagem interdisciplinar que precisa haver dentro dos cursos de graduação e até mesmo na pós-graduação, dada a peculiaridade e, ao mesmo tempo, complexidade da tarefa de dialogar no âmbito da esfera pública. Lida por Japiassu e Marcondes (2006, p. 146) como a “justaposição de duas ou mais disciplinas, com objetivos múltiplos sem relação entre si, com certa cooperação, mas sem coordenação num nível superior”, a postura interdisciplinar torna-se objetiva na formação crítica do estudante. Uma aplicação da interdisciplinaridade na Administração é feita por Faria (2010a), ao estudar as relações de poder nas organizações do ponto de vista da Teoria Crítica. Para ele, a abordagem assegura a operação das disciplinas em conjunto em uma direção convergente, pois o procedimento interdisciplinar “consiste na interação dos diversos campos do saber (...) de tal forma que as disciplinas operam conjuntamente” (FARIA, 2010a, p. 28). É desta maneira que se pretende operar na proposta deste projeto de Extensão em 2017. Fazer com que diversos campos do saber, a exemplo da política, sociologia, filosofia e economia, interajam, trazendo à sua maneira debates candentes na esfera pública só pode vir a contribuir fundamentalmente à formação do gestor público, bem como enriquecer a atuação da universidade junto da sociedade que a cerca. Assim, repaginada, a proposta do “Café com Administração Pública” buscará contribuir para o diálogo entre a comunidade acadêmica, os gestores públicos e a sociedade civil, de modo a ampliar possibilidades de conhecimento a respeito da atuação profissional e da importância quanto ao conhecimento do papel de cada envolvido na atuação do gestor público. Este tipo de atividade já vem sendo implementada com sucesso em diversas universidades e em cursos de administração pública (USP Leste, ENAP, Unesp) e possui interface com os projetos já iniciados, como o Observatório de Políticas Públicas, o Grupo de Pesquisa SEGEP (Sociedade, Estado e Gestão Pública) e também com o mestrado em Gestão Pública e Sociedade e o mestrado profissional em Administração Pública – PROFIAP , além de projetos desenvolvidos no âmbito do PIEPEX (Programa Integrado de Pesquisa, Ensino e Extensão) pela Unifal campus Varginha-MG. Desta forma, pretendemos que o projeto colabore para despertar diferentes reflexões críticas no tocante a atuação do gestor público, que possui um grau de complexidade relativamente proporcional aos desafios e limitações de ordem econômica, legal e política. À medida que temas inerentes à esfera pública são tratados com densidade, remetendo às suas teorias e práticas, maiores as possibilidades de que os estudos críticos no campo de públicas mostrem-se fundamentais e despertem o interesse dos alunos para temas pertinentes à área e, também, que na sociedade construam-se elementos capazes de alcançar soluções mais consistentes à suas problemáticas. A proposta de um “café” visa proporcionar um clima de discussão mais descontraído, onde todos se sintam à vontade para expor suas inquietações e haja integração efetiva entre os participantes. Com isso, diminui-se a rigidez tradicional de encontros acadêmicos e, por outro lado, se valoriza a identidade cultural da região, fortemente ligada à produção e comercialização do café. É um importante espaço de extensão universitária, visto a contribuição do projeto para a sociedade criando espaços de discussão sobre temas da esfera pública, suas dificuldades, limitações e problemas, conjugada com o conhecimento científico produzido na universidade. É patente que muitos gestores públicos não possuem formação em Administração pública ou em áreas afins e essa aproximação oportuniza o contato deles com reflexões teóricas sobre temas relacionados à prática da gestão pública bem como possibilidades de ouvir setores da sociedade civil de forma mais particularizada.

Beneficiário
Comunidade acadêmica do ICSA, estudantes de outras universidades de Varginha, gestores públicos, e sociedade em geral. Estimamos que, ao longo do ano, tenhamos um total de 950 presenças no conjunto dos eventos, podendo este número ser maior ou menor conforme os recursos para a divulgação.