CINEMA E LEITURA DE IMAGENS CINEMATOGRÁFICAS NO CONTEXTO CULTURAL ÉTNICO-RACIAL

Apresentação
Constata-se que as imagens têm estado presentes nas manifestações artísticas e, concomitantemente, têm sido objeto do estudo de outras áreas do conhecimento tais como a filosofia, antropologia, história, educação, psicologia, sociologia, comunicação, semiótica, meio ambiente e sustentabilidade, por citar algumas, o que revela a natureza interdisciplinar e polivalente que as imagens possuem e sua capacidade singular de serem lidas, sugerindo significados e interpretações de sentido. De modo subsequente, pensar a imagem hoje nos leva a percorrer um pensamento dialético que se articula e debruça de forma inequívoca com o conhecimento do mundo perceptível/sensível das formas, do fenômeno estético, do imaginário, da memória, da intuição, bem como da receptividade do leitor/espectador e dos tipos ou formas de letramento audiovisual. Neste contexto ou cenário surgiu, precisamente, a necessidade de inserir o cinema e leitura de imagens cinematográficas com foco na temática étnico-racial.

Objetivos
1) Desenvolver ações de extensão que visem a divulgação e exibição de filmes que abordem a temática étnico-racial e, de forma conjunta, promovam o pensamento crítico com foco em questões que possibilitem o debate e a leitura/interpretação de imagens cinematográficas, em conformidade com os propósitos e/ou atividades do NEABI-Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da UNIFAL-MG. 2) Reflexionar sobre o cinema enquanto uma linguagem de expressão artística audiovisual, bem cultural e importante instrumento de conhecimento que permite o desenvolvimento da leitura de imagens, formas de letramento e inclusão social. 3) Propiciar condições educativas para a formação formal ou extracurricular dos alunos, discentes, professores, funcionários, espectadores e/ou integrantes da comunidade interna acadêmica e externa alfenense ou regional interessada, de modo que possam aprimorar as habilidades e competências leitoras por meio da linguagem do cinema e a discussão de questões étnico-raciais. 4) Dar continuidade à formação do Grupo de Estudos (GP) com discentes, professores, funcionários e pessoas interessadas da comunidade acadêmica interna da UNIFAL e também externa alfenense visando a reflexão e a discussão de questões étnico-raciais por meio do cinema e à leitura de imagens cinematográficas. 5) Prosseguir a elaborar do catálogo de filmes com a temática étnico-racial, já em andamento, que será disponibilizado para as escolas e usuários interessados em geral; 6) Publicar um e-book com as propostas e discussões do Grupo de Estudos (GP) e também o catálogo de filmes étnico-racial.

Justificativa
Segundo Joly (2007, p. 9), vivemos uma civilização de imagens, cuja utilização generaliza-se de fato e, quer as olhemos, quer as fabriquemos, somos quotidianamente levados à sua utilização, decifração e interpretação. De modo consequente, pensar a imagem hoje nos leva a percorrer um pensamento dialético que se articula e debruça de forma inequívoca com o conhecimento do mundo perceptível, do fenômeno estético-cultural, do imaginário, da memória, da intuição perceptiva das formas, da mobilidade do olhar leitor/receptor/espectador, dos diversos tipos ou formas de letramento, enfim, dos diversos aspectos tecidos nas esferas ou redes socioculturais e sensíveis do humano. Assim, de acordo com Samain (2012. p. 14), é possível conjecturar que “as imagens são portadoras de pensamento e como tal nos fazem pensar” enquanto “formas que pensam”. Deste modo, se torna relevante considerar que as imagens, desempenham funções significativas nos processos cognitivos, de leitura e letramento, assim como do papel exercido pelas diversas interações artísticas e socioculturais, e ainda mais em questões com foco na temática étnico-racial. Certamente, as imagens enquanto “formas que pensam”, conforme assinalado nas linhas precedentes, constituem uma forma complexa de linguagem e de manifestação expressiva que envolve intrincados processos e mecanismos perceptivos abrangendo uma diversidade de formas de representação, incluindo desde a percepção sonora até outras experiências sensíveis de leitura, interpretação e linguagens. Vale salientar que, entre o desdobramento de suas ações serão promovidas exibições de filmes de longa-metragem, curtas-metragens, documentários com debate, convidados e a discussão/debate de questões étnico-raciais voltadas à comunidade acadêmica discente, docentes, funcionários, mas também direcionadas ao atendimento das escolas, professores da comunidade externa alfenense, regional e de outros setores ou entidades interessadas, cujas ações e abordagens vêm de encontro às Metas 22, 23 e 24 do Plano Nacional de Cultura do Ministério de Cultura (2011) focadas na valorização da cultura audiovisual por meio do cinema e incentivo às exibições de filmes no contexto do espaço cinematográfico brasileiro, sendo que, ainda podem ser contempladas ações e demandas cinematográficas específicas favorecidas pela aprovação da Lei nº 13.006 do Governo Federal (2014) que determinou e incentivou que as escolas deveriam incluir a exibição de no mínimo duas horas mensais de filmes nacionais como componente curricular e complementar integrado às propostas pedagógicas. O enfoque na supracitada temática se faz a partir do entendimento da compreensão da necessidade e importância de, na condição de instituição formadora, a serviço da sociedade, contribuir, assim como o destaca Prudente (2019, p.12) quando se refere à “luta ontológica da horizontalidade da imagem do íbero-ásio-afro-ameríndio, enquanto minorias contra a dominação hegemônica da verticalidade imagética do euro-hétero-macho-autoritário. Esta luta ontológica se estabeleceu no processo da contemporaneidade inclusiva de imagem das minorias versus o anacronismo excludente da imagética eurocolonial estabelecida”. Trata-se, portanto, de associar o processo educativo pretendido, por meio da fruição de obras da sétima arte, à compreensão e reversão da invisibilidade simbólica, bem como da visibilidade marginal/negativa a que historicamente os segmentos não brancos da população brasileira foram relegados na sociedade em geral e, de modo específico, na produção cinematográfica e audiovisual.

Beneficiário
Discentes da Graduação e Pós-Graduação; estudantes das escolas estaduais, municipais e particulares; professores e docentes em geral; funcionários, entidades e pessoas interessadas da comunidade alfenense e região do sul de Minas.