DIMENSÕES AFRICANAS NOS LIVROS DIDÁTICOS

Apresentação
O projeto Dimensões africanas nos materiais didáticos tem como objetivo pesquisar e produzir materiais literários e lúdicos com temáticas africanas para desenvolver atividades de ensino/aprendizagem juntamente com estudantes do curso de licenciatura em História da UNIFAL-MG e com professores e discentes da E.E. Samuel Engel, Alfenas - MG. Estas atividades estarão vinculadas ao Programa de Extensão Laboratório de História Pública com o intuito de ampliar a formação histórica demandada na nossa contemporaneidade, articulando os espaços acadêmico e escolar no desenvolvimento do conhecimento histórico das populações africanas, contribuindo assim com a superação de estereótipos na perspectiva da educação das relações étnico-raciais e com o fortalecimento das Leis 10.639/03 e 11.645/08.

Objetivos
Em conjunto com o grupo de estudantes e professores da UNIFAL-MG e da E.E. Samuel Engel: Levantar e pesquisar materiais literários e lúdicos que divulgam temáticas africanas, tais como: obras de literatura infantil e juvenil, histórias em quadrinhos, jogos de tabuleiro, filmes e séries, entre outros; Desenvolver uma base de informações a respeito dos materiais literários e lúdicos e divulga-la no site Dimensões africanas. Link: www.unifal-mg.edu.br/dimensoesafricanas; Desenvolver propostas de atividades de ensino/aprendizagem com materiais literários e lúdicos e divulga-las no site Dimensões africanas. Link: www.unifal-mg.edu.br/dimensoesafricanas; Desenvolver materiais e recursos didáticos a partir dos materiais literários e lúdicos, tais como: podcasts e fanzines, e divulga-los no site Dimensões africanas. Link: www.unifal-mg.edu.br/dimensoesafricanas; Desenvolver propostas de atividades de ensino, pesquisa e extensão de caráter interdisciplinar e com vistas às formações inicial e continuada dos discentes do curso de licenciatura em História da UNIFAL-MG e dos profissionais que atuam E.E. Samuel Engel; Produzir o conhecimento histórico a respeito das populações africanas e contribuir com a superação de estereótipos na perspectiva da educação das relações étnico-raciais; A partir das experiências de trabalho de pesquisa e desenvolvimento de propostas de ensino/aprendizagem com materiais literários e lúdicos, produzir pesquisas, apresentação em eventos e publicação de artigos em revistas de extensão, ensino e pesquisa; Vincular as ações do Projeto Dimensões africanas nos materiais didáticos ao Programa Laboratório de História Pública.

Justificativa
Há mais de duas décadas, as leis 10.639/03 e 11.645/08 representam um passo extremamente importante para a democratização do ensino na sociedade brasileira. Fruto de um longo processo de luta social dos movimentos negro e indígena, os dispositivos legais ressaltaram a importância dos estudantes da educação básica conhecerem narrativas históricas específicas e não eurocêntricas e reconhecerem as contribuições sociais, políticas, econômicas e culturais dos afrodescendentes e dos indígenas para a formação brasileira. Deste modo, foi criada uma demanda pelo conhecimento dessas temáticas em todas as instâncias educacionais de ensino: desde a educação básica até a formação inicial e continuada de professores. Debates conceituais e estudos sobre seleção de temas, formas de abordagem, produção e utilização de materiais e recursos didáticos são exigências de ordem teórico-metodológica que têm avançado, mas que ainda representam desafios para os profissionais da área da educação. Especificamente com relação aos estudos africanos, o campo tem crescido no Brasil com a criação de novas disciplinas nos cursos de graduação, atividades de pesquisa e extensão, cursos de pós-graduação stricto e lato sensu e de curta duração, além de associações e eventos especializados e uma produção didática e paradidática crescente e “sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros educacionais do MEC – Programa Nacional do Livro Didático e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE)”. (BRASIL, 2004, p. 15) Precisamente nessa produção estão os materiais literários e lúdicos que pretendemos levantar e pesquisar, a saber: literatura infantil e juvenil, história em quadrinhos, filmes e séries e jogos de tabuleiro. Segundo o Parecer CNE/CP 003/2004, que organizou as diretrizes curriculares relacionadas aos conteúdos africanos e afrodescendentes, estes materiais podem ser encarados como potenciais recursos didáticos, ao serem utilizados a partir de uma “abordagem plural da cultura e diversidade étnico-racial da nação brasileira” e com o objetivo de corrigir “distorções e equívocos em obras tradicionais”, publicadas anteriormente. (BRASIL, 2004, p. 15) Portanto, o trabalho com estes materiais justifica-se pela tentativa de contribuir com a produção de conhecimento da história da África e com o desenvolvimento de “pedagogias de combate ao racismo e às discriminações”, no dizer da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (BRASIL, 2004, p. 7-8). Entre os anos de 2012 e 2018 (com exceção de 2015), o projeto Dimensões africanas desenvolveu diversas atividades de pesquisa e de ensino com estudantes da UNIFAL-MG e agentes de diferentes instituições educacionais de Alfenas, que propiciaram pesquisas de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso. As conclusões a respeito dos materiais literários produzidos pelo mercado editorial brasileiro, fomentado pela demanda das Leis 10.639/03 e 11.645/11, dizem respeito aos conteúdos apresentados, que são entendidos como “tipicamente” africanos, especialmente aqueles vinculados às tradições orais. Para divulgar os conteúdos da “oralidade africana”, autores e ilustradores viajam ao continente africano, recolhem, transcrevem e recriam as narrativas orais, descontextualizando-as e publicando-as como literatura infantil, isto é, como histórias para crianças. De modo geral, os procedimentos de produção deste conhecimento estão embasados em “um paradigma da diferença”: uma ideia de África essencialmente da oralidade em contraponto às sociedades ocidentais organizadas pelo sistema da escrita. (MUDIMBE, 2013). Nesta perspectiva, a atual proposta se integra aos debates e preocupações dos especialistas do campo da História Pública. Neste caso, a produção do conhecimento histórico em espaços não acadêmicos, a partir dos materiais literários publicados pelo mercado editorial desde 2003, produzidos com o intuito de serem consumidos nos espaços escolares, a partir de programas governamentais. A instituição parceira do projeto é a E.E. Samuel Engel (ver termo de parceria anexado) que foi criada em 1965 e transferida para o atual endereço no bairro Residencial Oliveira, Alfenas-MG, no ano de 2011.Atende estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. (Informações disponíveis em: http://www.escolasamuelengel.com.br/ Acesso em: novembro de 2019) Enfim, o projeto justifica-se pela troca de conhecimento e experiências entre estudantes e professores da E.E. Samuel Engel e da UNIFAL-MG no trabalho direto com os materiais literários e lúdicos, que, por conseguinte, favorecerá a produção de conhecimento histórico e social em conformidade com as diretrizes da Extensão Universitária.

Beneficiário
Estudantes do curso de licenciatura em História da UNIFAL-MG e professores e discentes da E.E. Samuel Engel, Alfenas-MG