HISTÓRIA PÚBLICA E ENSINO DE HISTÓRIA

Apresentação
Pesquisas apontam sobre as possibilidades do campo do ensino de história como interlocutor nas reflexões sobre as práticas da história pública (SANTHIAGO, 2018; FERREIRA, 2018). A relação entre esses dois campos revela os possíveis diálogos no que tange à uma das grandes questões que envolvem a democratização do acesso ao conhecimento histórico e sua inserção em espaços públicos. Esse projeto visa propor práticas de história pública no ensino de história na E. E. Judith Vianna. Buscaremos desenvolver juntos aos estudantes do curso de História a formação para a promoção do conhecimento acerca do passado em conjunto com os estudantes da escola citada e o desenvolvimento de produtos como programas de rádio e podcasts, considerando as demandas da escola em relação à construção de um projeto de resgate de memórias e histórias da própria instituição.

Objetivos
Promover ações de extensão no campo do ensino de história relacionadas às práticas de história pública. Capacitar e fomentar, através das práticas da história pública, a criação e o desenvolvimento de programas de rádio e podcasts, entre outros dispositivos interativos, por meio dos esforços colaborativos entre os estudantes do curso de História e a comunidade escolar envolvida no projeto. Estabelecer as parcerias compartilhadas entre os estudantes do curso de História com os estudantes da E. E. Judith Vianna na cidade de Alfenas. Favorecer a institucionalização do Laboratório de História Pública em parceria com o Laboratório do Ensino de História da UNIFAL-MG com estrutura, instalações e recursos humanos análogos aos de seus congêneres em outras IFES brasileiras.

Justificativa
O passado nunca esteve em meio a tanta disputa. Seduzidos pela era digital, crianças, jovens e adultos conectados às linguagens tecnológicas, buscam cada vez mais conteúdos diversos na rede e dentre esses, o conhecimento sobre o passado têm gerado cada vez mais likes, vídeos, podcasts e youtubers. Para além das tecnologias digitais, a escrita da história, com suas disputas e narrativas sobre o passado (ADORNO, 1995b) têm tomado a esfera pública de maneira geral e promovido, por um lado, o aumento da produção dos trabalhos acadêmicos, linhas de pesquisas e inúmeros programas de pós-graduação no país, mas também alguns problemáticos revisionismos históricos, especialmente sobre os temas sensíveis, como a escravidão e ditadura civil-militar, disseminados pelas fake-news nas redes digitais e internet. Nessa perspectiva, as relações convergentes entre o ensino de história e a história pública tornam-se latentes na formação dos futuros professores(as) de História, que terão que disputar em suas práticas pedagógicas, dentro e fora da sala de aula, com as narrativas que muitas das vezes desqualificam o trabalho dos professores de História. “O compromisso com a veracidade histórica por parte dos historiadores, profissionais de ofício não contradiz o movimento de ultrapassagem dos muros da universidade pela chamada história pública. A prática historiadora acadêmica se torna plena quando se endereça a um público que, em condições ideais, deveria abranger toda a sociedade, em vez de um universo restrito. Não se trata de um movimento unidirecional, pelo qual a universidade vai à sociedade. Pelo contrário, trata-se de compreender que o alimento para a produção do conhecimento e de significações históricas vem do corpo social, com suas demandas, seus silêncios, suas falas. Assim, a história pública pode ser entendida como um espaço de encontro e circularidade dos saberes.” (Rede Brasileira de História Pública, 2018). Em diálogo com a Rede Brasileira de História Pública, este projeto justifica-se pela emergência do debate que envolve a circulação e troca de saberes acadêmicos com a produção do conhecimento advindos da sociedade como um todo e a busca para a democratização e acesso ao conhecimento histórico, produzido pelos agentes sociais diversos. Ao apontar que o(a) historiador(a) deve buscar a colaboração multiprofissional em suas pesquisas, Ricardo Santhiago (2018) nos apresenta a história pública como caminho para a busca do conhecimento acerca das linguagens e recursos para que os saberes históricos se amplifiquem. É nesse sentido que o trabalho participativo, colaborativo e feito em parceria ganha cada vez mais destaque dentro das áreas da história pública (SOARES, 2017) e do ensino de história – cujo mote central esse projeto se justifica. Desse modo, a parceria com a E. E. Judith Vianna será construída, representada pelos estudantes da educação básica e os estudantes do curso de História e se farão no sentido de desenvolver as práticas da história pública, alicerçadas pelos debates centrais do ensino de história. A docência em história é um dos principais campos de atuação do historiador. No entanto, para a boa atuação na docência, é imprescindível ao historiador que é professor manter-se como pesquisador e divulgador do conhecimento histórico. Neste sentido, a história pública torna-se parte do processo formativo ao futuro professor. Este também é um campo fértil para o desenvolvimento de pesquisas na área de ensino de história. Ressaltamos também que o conhecimento escolar é resultante de processos de pesquisas desenvolvidas com métodos próprios e característicos das instituições escolares. Na aprendizagem da história, professores e discentes das escolas produzem o conhecimento histórico escolar, que mantém as especificidades da pesquisa historiográfica, mas com características que lhes são específicas. Divulgar este conhecimento produzido nas escolas é uma necessidade premente, pois valoriza a produção dos envolvidos e a comunidade escolar. Além disso, possibilita aos graduandos do curso de história da UNIFAL/MG o contato e o aprendizado com a produção do conhecimento histórico escolar em outros espaços que não apenas o estágio.

Beneficiário
Estudantes e professores(as) da rede básica pública municipal, graduandos(as) do curso de História, profissionais de instituições de memória e comunidade em geral.