(F)ATOS DA LINGUAGEM: ENTRE A LÓGICA E A LINGUÍSTICA.

Apresentação
As línguas são um dos aspectos mais fascinantes e mais íntimos tanto da cultura quanto da cognição humanas. Saber lidar com o multiculturalismo e o multilinguismo é fundamental em um mundo globalizado, especialmente para trabalhos que envolvam relações públicas, intercâmbio de ideias ou contato entre diferentes grupos de pessoas. Justamente por tratar de algo, ao mesmo tempo universal e diverso, a Linguística se presta a um tipo específico de desafio intelectual, resultando, por exemplo, em atividades práticas e integradoras: as Olimpíadas de Linguística. Diferente das outras olimpíadas, a metodologia utilizada nos problemas linguísticos da OBL é ativa. Nesse sentido, os estudantes não precisam ter domínio sobre teorias sobre a linguagem, nem alguma terminologia gramatical específica. Como resultado, os problemas podem ser resolvidos por um falante que use suas próprias intuições linguísticas e, em alguns deles, empregando métodos investigativos de Lógica.

Objetivos
Especificamente, objetiva-se: (i) Promover, com base em metodologias ativas, conhecimentos acerca do plurilinguismo e preservação de línguas nacionais e internacionais por meio da conscientização e importância sobre esse tipo de conhecimento; (ii) Promover o raciocínio lógico indutivo, além de senso científico-investigativo, utilizados para resolver os problemas propostos nas etapas da olimpíada; (iii) Criar grupos de estudos com alunos participantes do projeto, para que os itens (i) e (ii) possam ser desenvolvidos/aprimorados; (iv) Estabelecer um polo de aplicação da OBL em Varginha para que escolas do próprio município e região possam participar das fases de seleção da olimpíada.

Justificativa
A OBL, fundada em 2011, busca introduzir problemas linguísticos inteiramente novos e não-familiares, exigindo dos estudantes um intenso trabalho lógico para montar estruturas implícitas por meio de padrões. Tal estratégia distingue-se das olimpíadas tradicionais, já que elas esperam dos alunos tenham domínio sobre ideias e conteúdos previamente estudados, não se caracterizando como metodologia ativa (BORGES et al, 2014). A resolução dos problemas na OBL é análoga ao trabalho de um linguista de campo ao descrever os padrões de uma língua desconhecida. Esses padrões, por exemplo, podem envolver diferentes sons, estruturas sintáticas, sistemas conceituais, ligações culturais e históricas entre diferentes línguas, sem que o aluno domine o jargão científico envolvido em cada camada de descrição linguística. A OBL organiza-se em quatro fases, a saber: Fase 1 – Treinamento e Atividades Escolares: Ao longo do ano letivo, os professores de educação básica envolvidos são incentivados a desenvolver atividades com seus estudantes envolvendo línguas e linguística, a partir de material que a organização da OBL desenvolve ou que os próprios professores preparam. Fase 2 – Prova Nacional Online: Esta prova é realizada entre Agosto e Setembro, em âmbito nacional, com a participação de estudantes do Ensino Médio de escolas do todo o país e aplicada de forma on-line por meio de um aplicativo de smartphone. A inscrição dos alunos interessados em participar dessa fase é feita online, no site da OBL. Fase 3 – Prova nas Sedes: Esta fase é realizada cerca de 40 dias após a segunda fase. Nesta fase, os alunos selecionados dirigem-se às sedes específicas (universidades e/ou escolas) para realizar a prova, que tem duração aproxima de 4 horas. Ademais, a partir desta fase, os alunos são premiados em quatro categorias de medalhas: papel, pergaminho, papiro e palma. Fase 4 – Escola de Linguística de Outono (ELO): Esta fase, com duração de uma semana, é realizada entre Abril e Maio em alguma universidade que receberá o evento. Nesta fase, cerca de 60 estudantes mais bem classificados nas últimas duas fases são selecionados para (i) terem contato (seguindo moldes de Divulgação Científica) com pesquisas atuais em Linguística, (ii) permitir a integração e troca de experiências entre estudantes de diferentes partes do país e que compartilham um interesse acadêmico em comum e, por fim (iii) selecionar duas equipes brasileiras (com quatro integrantes cada) que participarão da IOL. Nesse sentido, a proposição deste projeto de extensão à comunidade externa à Unifal-MG justifica-se por: Haver pouca aplicação de metodologias ativas como mecanismo emancipatório e autônomo dos alunos no processo de ensino-aprendizagem; Serem limitadas as abordagens metodológicas de ensino-aprendizagem, o que favorece o aumento de diferenças sociais; Ser pouco familiar, entre alunos e professores, a utilização de recursos eletrônicos como meios didáticos; Serem pouco explorados alguns conteúdos no ensino regular, como raciocínio lógico e tópicos linguísticos; Haver pouca integração entre estudantes dos ensinos Médio e Superior, o que favorece uma formação pouco cidadã a estes, além de ser um fator limitador a levantar possibilidades de encaminhamentos futuros quanto à carreira daqueles por não haver dialogismo entre as duas esferas. Assim, objetiva-se promover este projeto de extensão em parceria com escolas públicas em Varginha (a princípio, firmou-se parceria com a Escola Estadual São Sebastião) visando, sobretudo, a implantação da olimpíada no município por meio da criação de um grupo de estudos de treinamento de resolução de problemas linguísticos e discussão de temas pertinentes aos problemas (Fase 1 da OBL) com atividades coordenadas em conjunto com alunos da Unifal-MG. Além disso, para garantir ampla divulgação no município, fazendo com que mais escolas estejam envolvidas e incentivem seus alunos a participarem, pretende-se criar um polo de aplicação de provas presenciais da OBL em Varginha (Fase 3).

Beneficiário
Como beneficiários diretos, tem-se alunos, professores e colaboradores do Ensino Médio da rede pública de ensino de Varginha. Ressalta-se, no entanto, o fator multiplicador desta ação, em que parte do público a ser alcançado pode não necessariamente ter participado presencialmente das atividades.