SEMEANDO A TERRA: AÇÕES DE FORTALECIMENTO DA CADEIA AGROECOLÓGICA E DA SOBERANIA ALIMENTAR NO SUL DE MINAS GERAIS

Apresentação
O presente programa tem por objetivo articular ações de extensão que serão desenvolvidas por meio de parcerias entre a Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) e coletivos agroecológicos do Sul de Minas Gerais com a intenção de criar alternativas ao modelo de alimentação hegemônico. Comporão o programa os projetos “Circuitos curtos de agroecologia: produção, cultura e comercialização de alimentos no Sul de Minas Gerais” e “Diagnóstico Rápido Participativo (DRP): fomentando experiências agroecológicas em Caldas-MG”, além dos eventos “Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária” (JURA) e “Encontro Regional de Agroecologia”. Com o programa serão geradas e/ou aprimoradas atividades que envolvem a cadeia agroecológica e a soberania alimentat no Sul de Minas Gerais, especialmente com o intuito de contribuir com a geração de renda nas unidades de produção camponesas e a oferta de alimentos saudáveis para a população.

Objetivos
• Promover a Agroecologia e a soberania alimentar como modelos de organização para o sistema agroalimentar regional; • Fortalecer parcerias entre a UNIFAL-MG, movimentos sociais, grupos de produtores ou de consumidores e outros coletivos que atuam em defesa da agricultura camponesa e da alimentação saudável no Sul de Minas Gerais; • Estimular o envolvimento de discentes de diversos cursos da UNIFAL-MG com as atividades do programa; • Oferecer oficinas e atividades culturais que abordem direta ou indiretamente os temas da Agroecologia e da soberania alimentar.

Justificativa
As justificativas para o desenvolvimento desse programa podem ser divididas em dois eixos: o de ordem geral, o qual está relacionado com o contexto de disputas pelo modelo de alimentação na escala regional e o de ordem operativa, que se refere aos vínculos entre as ações previstas. No eixo de ordem geral destaca-se o fato de que a agricultura camponesa ainda ocupa um papel secundário no abastecimento de alimentos em escala regional. Mesmo que essa realidade não seja uma exclusividade do Sul de Minas Gerais, ela não pode ser naturalizada, haja vista que a predominância do agronegócio na condução do sistema agroalimentar regional está relacionada com problemas diversos como a fome, a pobreza e destruição da natureza, por exemplo. Apesar de ter grande participação na cadeia do café do tipo arábica – a principal produção agrícola da região (IBGE, 2017) – o campesinato sulmineiro encontra diversos empecilhos no acesso aos créditos e aos mercados (EMATER-MG, 2014). Ao mesmo tempo, se consolida na região um agronegócio cafeeiro e sucroalcooleiro altamente vinculado com o mercado externo, especialmente por meio do setor financeiro. Esse contexto contribui com o êxodo rural e com a diminuição das opções de alimentos saudáveis por parte da população regional, enfim, constitui-se uma ameaça à soberania alimentar da população sulmineira. Soma-se a esse contexto a representatividade que o Sul de Minas Gerais possui na Questão Agrária brasileira atual. Isso porque, nesssa região, mais especificamente em Campo do Meio, tem se desenvolvido o conflito pelas terras da falida Usina Ariadnópolis, um dos casos mais emblemáticos de disputa entre o campesinato e o agronegócio no Brasil contemporâneo (COCA et al., 2018). Nos últimos anos, esse conflito deu origem a dois assentamentos rurais: o “Primeiro do Sul”, criado em 1997, com capacidade para 47 famílias e o “Nova Conquista”, criado em 2012, com capacidade para 11 famílias (REDE DATALUTA, 2018). Todavia, cerca de 450 famílias ainda permanecem acampadas em parte da porção restante da área reivindicada. Nesse sentido, dar visibilidade às diversas iniciativas de fomento da cadeia agroecológica que tem sido desenvolvidas nos assentamentos e no acampamento é uma das formas de contribuir com as discussões sobre como a reforma agrária pode contribuir com a soberania alimentar em nível regional. No eixo de ordem operacional consta-se que as ações que compõem esse programa, apesar de serem coordenadas por docentes e núcleos de pesquisa oriundos de diferentes áreas do conhecimento, possuem amplo diálogo entre si, podendo contribuir para que o Sul de Minas Gerais se consolide como um pólo agroecológico em âmbito estadual e nacional. Além disso, os docentes, discentes e membros externos cadastrados nos projetos e eventos que compõem esse programa têm participado de diversas ações coletivamente, de modo que o desenvolvimento do programa possibilitará o fortalecimento dessas iniciativas.

Beneficiário
Comunidade acadêmica, produtores camponeses que se dedicam à Agroecologia ou que queiram realizar a transição agrocológica, consumidores e comunidade de Alfenas e região Sul de Minas Gerais.