LETRAMENTOS ACADÊMICOS MULTIMODAIS

Apresentação
Com o objetivo de contribuir com uma formação crítico-científica dos participantes que serão atendidos pelo projeto "Letramentos acadêmicos multimodais", propõe-se somar esforços às disciplinas da instituição voltadas às atividades de práticas de pesquisa e produção de textos, em que se discutem alguns dos tópicos aqui propostos, especialmente ligados à normatização de trabalhos acadêmicos. Além disso, atender as comunidades interna e externa à instituição quanto à formação técnica de práticas em oratória, objetivando ratificar conteúdos caros à estruturação formal de textos orais e/ou escritos que circulam socialmente, em especial na esfera acadêmica.

Objetivos
Por meio de cursos teórico-práticos, objetiva-se especificamente: (i) em textos escritos, fomentar um arcabouço teórico-metodológico de edição de textos acadêmicos, por meio da estrutura técnico-formal de textos acadêmicos, e (ii) em textos orais, fomentar técnicas essenciais à oratória, que poderão auxiliar à melhor elaboração, estruturação e apresentação de textos orais dos inscritos. A partir de tais objetivos visa-se, em um primeiro momento, a participação da comunidade interna em processo de formação de alunos extensionistas como monitores e ministrantes dos respectivos cursos para que, posteriormente, possam oferecê-los à comunidade externa, a partir de consultas preliminares para compreender e atender determinadas demandas sociais. Neste último caso, especificamente, objetiva-se diminuir possíveis intercorrências linguístico-estruturais quanto à produção textual aos futuros ingressantes na esfera acadêmica.

Justificativa
Dentro de uma perspectiva sócio-cultural dos estudos da linguagem, contemporaneamente, destaca-se Bakhtin (1997) como diretriz para repensar como a universidade tem lidado com as dificuldades concernentes à leitura e escrita dos alunos. Nesse sentido, uma das maiores contribuições científicas do autor é repensar delimitar o que são gêneros textuais (ou discursivos). A concepção bakhtiniana sobre os gêneros textuais é social: domina-se um gênero a partir do momento em que um sujeito social o tem a partir de suas experiências discursivas/textuais. Em outras palavras, domina-se o gênero “diálogo familiar”, por exemplo, a partir do momento em que o sujeito, enquanto ser social, toma esse gênero de maneira ativa e participativa. Ao pensar nos alunos ingressantes no Ensino Superior, muitos (senão todos) dos gêneros textuais que circulam na Universidade nunca foram antes experienciados pelos alunos, o que instaura uma dicotomia discursiva bastante recorrente: de um lado os professores esperam que os alunos ingressem na universidade “sabendo escrever”, por outro, os alunos continuamente se sentem incapazes de escrever, já que em todas suas produções textuais haverá desvios normativos que, nem sempre, são da ordem gramatical. Bakhtin argumenta que é possível que o sujeito tenha bom domínio sobre as normas da língua, mas que sua inexperiência em determinados gêneros pode ser caracterizada como desvios daquilo que constitui aquele gênero. Dessa maneira, “são muitas as pessoas que, dominando magnificamente a língua, sentem-se logo desamparadas em certas esferas da comunicação verbal, precisamente pelo fato de não dominarem, na prática, as formas do gênero de uma dada esfera” (BAKHTIN, 1997, p. 303). O autor ainda pontua que a dificuldade que o sujeito tem de lidar, na verdade, não se trata pobreza vocabular ou de estilo de composição textual, mas da inexperiência no domínio dos gêneros que circulam em dadas esferas sócio-discursivas. Nessa perspectiva, justificam-se certas dificuldades de produção textual que os alunos enfrentam ao ingressarem na universidade. Isso porque a experiência linguística deles, até então, resumia-se a certos gêneros textuais que circulavam no âmbito no Ensino Básico (a saber, ensinos fundamental e médio), e que tinham como únicos leitores os professores-corretores dos textos produzidos. Ao ingressarem na universidade, os estudantes têm de lidar com outros gêneros que não foram experienciados ainda, realocando o sujeito sócio-discursivamente. Ademais, é necessário compreender que o discurso acadêmico se configura a partir de manobras elaboradas de erudição que, muitas vezes, não são compreensíveis e usuais ao recém-ingressante na esfera acadêmica. Marinho (2010), então, chama atenção a esse fato, apontando que há uma violência operando sobre o sujeito, manifestando linguisticamente no discurso de “você não sabe escrever” ou “eu não conheço muito bem minha própria língua”. Cabe ressaltar que as questões concernentes à produção textual na universidade, em especial, não se restringem apenas ao conteúdo do texto, mas também à forma com que esse texto é construído. Dessa forma, além de aspectos ligados à formalização do gênero, a esfera acadêmica exige do aluno domínio acerca de aspectos formais de composição, tanto em textos orais quanto em textos escritos. Este projeto de extensão visa a suprir a demanda sobre letramento acadêmico sob uma perspectiva dialógica. Assim, compreendendo a demanda social interna e externa à comunidade acadêmica da Unifal-MG, objetiva-se auxiliar a formatação e edição de textos acadêmicos nas modalidades oral e escrito, focalizando, neste momento, em suas estruturas formais.

Beneficiário
O projeto visa desenvolver ações extensionistas que alcancem alunos da comunidade acadêmica da Unifal-MG e interessados nas temáticas que estejam externos à instituição.