1º CICLO DE LEITURAS SOBRE O NEOLIBERALISMO

Apresentação
Os anos 1970 inauguraram uma nova fase do capitalismo. Desde aquela década, o neoliberalismo vem alterando o cenário social e político e realizando uma reestruturação profunda das sociedades. A "virada neoliberal" impactou a organização política, a regulação do trabalho, os instrumentos democráticos, a estrutura das classes sociais, a subjetividade dos sujeitos que partilham o mesmo tecido social e, ainda, produziu novas formas de sofrimento psíquico. Por isso, o neoliberalismo tem estado no centro dos estudos das ciências sociais e das ciências sociais aplicadas, seja como objeto propriamente dito, seja como meio de contextualização histórica para a análise de diferentes fenômenos. Nesse sentido, a leitura de textos sobre o neoliberalismo tem como objetivo produzir um conhecimento coletivo, que possibilite desvendar o momento histórico atual, seja em termos globais como locais. Os encontros serão realizados de forma remota, pela plataforma google meet.

Objetivos
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Justificativa
Neoliberalismo é o termo usado para definir uma nova fase do capitalismo. Sua origem está relacionada à crise da acumulação dos anos 1970 e à necessidade de reestruturação do capital para a retomada das taxas de lucro (em queda). Desde aquela década, um conjunto multifacetado de ações, sob a orientação de potências capitalistas e de agências multilaterais, tem alterado a dinâmica geral do capitalismo, interferindo em suas diferentes dimensões. No que diz respeito à dimensão econômica, o neoliberalismo passou a priorizar a recuperação da lucratividade de empresas às custas das políticas sociais distributivas. Para tanto, os governos passaram a implantar medidas voltadas para a diminuição da inflação, estabilização da moeda e políticas de austeridade para conter o orçamento público, elevar a taxa “natural” de desemprego e aumentar a desigualdade. Inicialmente, algumas experiências neoliberais em alguns países foram bem-sucedidas em vários de seus objetivos. No entanto, falharam em um de seus pontos mais importantes. As taxas de crescimento econômico, ainda que tenham tido melhoras significativas, se mantiveram em níveis inferiores ao período do pós II Guerra. Mesmo fracassando nesse aspecto econômico, o neoliberalismo tornou-se um modelo hegemônico de capitalismo. Se as suas primeiras experiências encontraram abrigo em governos conservadores, a história tem demonstrado que, nos seus 50 anos de existência, governos progressistas, que tentaram resistir à incorporação do temário neoliberal, viram-se pressionados a cumprir uma agenda imposta por agências multilaterais e a abandonar projetos políticos mais inclusivos. Além disso, o neoliberalismo alterou também o cenário social e político, realizando uma reestruturação profunda das sociedades. Dos anos setenta até o presente, o mundo capitalista viveu transformações na sua organização política, na regulação do trabalho, nos instrumentos democráticos, na estrutura das classes sociais e, ainda, na subjetividade dos sujeitos que partilham o mesmo tecido social. Por isso, o neoliberalismo tem estado no centro dos estudos das ciências sociais e das ciências sociais aplicadas, seja como objeto propriamente dito, seja como meio de contextualização histórica para a análise de diferentes fenômenos. Entre as mudanças realizadas pela globalização neoliberal está a ruptura com o pacto civilizatório do welfare-state. Isto se deve ao fato de que um dos pilares do projeto é retirar renda dos mais pobres e desonerar os mais ricos, num processo de empobrecimento e concentração de riqueza. Esse aspecto é um entre tantos que revela o caráter antipopular desse projeto de poder. Por conta disso, sua propaganda tem sido muito vigorosa. Agências da sociedade civil, mídias corporativas e universidades têm estado no centro irradiador de sua ideologia, que visa à construção de uma nova racionalidade e à formação de sujeitos novos para o tempo presente. A “virada neoliberal” trouxe consigo um léxico particular, no qual uma oposição binária entre mercado e Estado induz os indivíduos a entenderam que a sua “liberdade” se encontra no terreno dos negócios; enquanto o Estado, nesse mesmo ideário, é tratado como “rígido”, “antidemocrático” e “opressor”. A realização da ideologia neoliberal está sedimentada, portanto, na negação da sociedade, dos direitos, da garantia das diferenças culturais e sociais, se colocando contrária ao coletivismo e a aspirações utópicas sobre civilizações baseadas na igualdade e na emancipação humana. O 1º Ciclo de Leituras sobre o Neoliberalismo tem como objetivos: 1.Iniciar um mapeamento exploratório de autores e linhas interpretativas sobre o tema, para construir um panorama dos estudos sobre o neoliberalismo; 2.Incentivar a inclusão e/ou ampliação do tema nas pesquisas da comunidade acadêmica; 3.Oferecer um conhecimento preliminar sobre neoliberalismo à comunidade externa; 4.Consolidar uma base bibliográfica para desenvolvimento de diferentes pesquisas sobre neoliberalismo. Algumas questões movem esse ciclo: 1.Nesses 50 anos da “virada neoliberal”, quais mudanças aconteceram no mundo, na América Latina e no Brasil; 2.De que forma as dimensões social, econômica e política foram afetadas pela novo momento do capitalismo; 3.Quais foram as alterações no mundo do trabalho e na luta de classes; 4.Quais são as alternativas para confrontar e resistir à ofensiva neoliberal. Consideramos que o tema do neoliberalismo pode auxiliar tanto pesquisas acadêmicas sobre o momento histórico em que vivemos, como ampliar a consciência crítica da comunidade acadêmica e da comunidade externa sobre a realidade social e política de nossa sociedade.

Beneficiário
Professores (as) e funcionários(as) da UNIFAL-MG; estudantes da UNIFAL-MG que já tenham sido aprovados em Ciência Política ou em Ciências Sociais; Comunidade Externa.