ENTRE O EFÊMERO E O ETERNO: OFICINAS SOBRE EDUCAÇÃO HISTÓRICA E PATRIMONIAL POR MEIO ACERVO RELACIONADO AO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE ALFENAS, MG

Apresentação
Os cemitérios figuram em diversos estudos históricos como fontes preciosas sobre o passado, nos permitindo conhecer melhor os seus regimes de crença e de conhecimento, suas formas de hierarquização e segregação socioespacial, e as suas sensibilidades religiosas e estéticas, por exemplo. Por esse motivo, a presente ação buscará promover oficinas de capacitação para a educação histórica e patrimonial por meio do acervo documental e iconográfico relacionado ao Cemitério Municipal de Alfenas, MG. Para tanto, utilizaremos as fontes históricas e patrimoniais já levantadas em atividades de pesquisa que temos desenvolvido junto ao Grupo de Pesquisa Heranças Cosmológicas e Devires Extramodernos, bem como buscaremos parcerias junto à comunidade alfenense, aproveitando a atuação pregressa dos membros desta equipe no processo relacionado ao tombamento do referido Cemitério Municipal, a partir da parceria estabelecida entre a empresa Triângulo Cultural e a Prefeitura Municipal de Alfenas.

Objetivos
1) Realizar uma oficina aberta para reconhecimento dos múltiplos significados históricos relacionados ao Cemitério Municipal de Alfenas, MG; 2) Realizar uma oficina aberta sobre as leis municipais e estaduais relacionadas à área da cultura; 3) Realizar uma oficina aberta sobre tecnologias que possam ser utilizadas na produção de objetos de educação histórica e patrimonial, considerando a sua necessária feição dialógica; 4) Trazer à tona, de forma dialógica, conhecimentos locais que possam contribuir com práticas de educação histórica e patrimonial significativas.

Justificativa
Em pesquisa recente sobre as políticas de memória e patrimônio na região ficou demonstrado um baixíssimo nível de participação popular no que diz respeito à definição e à gestão dos bens tornados patrimônio cultural na cidade (LOWANDE e CORRÊA, 2021), não obstante já exista uma importante discussão a respeito da necessidade de levar em conta a diversidade de valores relacionadas a esses bens culturais (FREDHEIM e KHALAF, 2016; JONES, 2017; IRELAND, BROWN e SCHOFIELD, 2020). A realização de oficinas onde conhecimentos acadêmicos e populares sobre os bens em questão possam circular é um passo fundamental para que nós possamos conhecer efetivamente os significados que, de fato, vinculam a comunidade local àquilo que se define como patrimônio cultural. Um outro aspecto importante relacionado a esses bens culturais é que a sua gestão e uso pela própria comunidade é um elemento fundamental para que ela possa se apropriar, criticamente, das discussões sobre conceitos caros como “patrimônio”, “identidade” e “memória”. Os valores patrimoniais não são intrínsecos aos bens, mas constituídos em meio a conflitos e negociaçõe entre diferentes grupos, como os trabalhos citados acima também podem demonstrar. Por isso o engajamento possibilitado pelas ferramentas apresentadas nas oficinas propostas pode contribuir para que a comunidade local negocie de maneira mais isonômica e democrática as políticas de memória que implicam, diretamente, nos futuros dessas mesmas coletividades. Finalmente, Essas trocas de memórias, saberes e valores também poderá contribuir com a formação do corpo discente interessado, habilitando-o a atuar, posteriormente, na mediação de conflitos relacionados ao campo das políticas de memória e patrimônio e no desenvolvimento crítico de tecnologias de educação histórica e patrimonial.

Beneficiário
Estudantes de graduação, gestores culturais, professores do ensino básico e demais interessados(as) no patrimônio cultural local.