HORTA TERAPIA COMUNITÁRIA: ATIVIDADES CONTRA OS IMPACTOS DA COVID-19 NO BAIRRO RECREIO VALE DO SOL, ALFENAS-MG

Apresentação
O projeto propõe construir e fortalecer vínculos entre a UNIFAL-MG e a comunidade externa do município de Alfenas, a partir da articulação entre conhecimento científico e saber popular na promoção de atividades ambientais e sociais a partir do diagnóstico social da comunidade e na produção de alimentos in natura e plantas medicinais, por meio de práticas agroecológicas, envolvendo a população de baixa renda do bairro Recreio Vale do Sol. Diante da pandemia do COVID-19, intensificaram as demandas de solidariedade devido ao agravamento da crise socioeconômica, aumentando o número de famílias que reduziram itens do consumo de alimentos e refeições diárias. A partir da existência de uma área próxima ao “Residencial Jd. das Alterosas” pertencente ao “Programa Minha Casa Minha Vida”, faixa 1, na qual alguns moradores já haviam plantado hortaliças e plantas medicinais, mas que estava em condições precárias, em 2021, quando esse projeto de extensão atuou junto a essa comunidade, focando mais a produção de hortaliças no sistema agroecológico e realizando oficinas pedagógicas. Além disso, destacou-se na mídia regional, na qual o antigo coordenador do projeto e a bolsista concederam entrevistas ao jornal da EPTV Sul de Minas, falando sobre a importância do mesmo para a comunidade, em especial pelo acesso gratuito aos alimentos produzidos na horta, como forma de combate à fome dessa população, nas reportagens: “Unifal desenvolve projeto de horta comunitária com 30 famílias em Alfenas (MG)” e “Levantamento da Unifal aponta nível de insegurança alimentar de famílias de Alfenas durante a pandemia”. O projeto também resultou em apresentação de trabalho em um evento científico, com a posterior publicação do mesmo em um periódico científico. Ressalta-se que o projeto se enquadra nos princípios de sustentabilidade e alinhamento a Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, dentro do Objetivo 2 - Fome Zero e Agricultura Sustentável: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Nesse sentido, o projeto pretende dar continuidade ao fortalecimento e organização da comunidade na diminuição dos impactos da fome, por meio da produção de hortaliças, bem como de plantas fitoterápicas, buscando aliar o conhecimento popular da comunidade com o conhecimento científico da universidade.

Objetivos
• Realizar levantamento e diagnóstico social e econômico das famílias; • Identificar as famílias e suas principais demandas relacionadas à Insegurança Alimentar e uso de fitoterápicos para participarem do projeto; • Promover articulação entre a Universidade e a comunidade na troca de conhecimento científico e saberes populares dos moradores, para a participação coletiva na Horta Terapia; • Executar encontros de plantio, cuidados, manutenção, de caráter agroecológico e sustentável, garantindo o acesso das espécies disponíveis na Horta Terapia, de caráter comunitário e de autogestão pelos moradores; • Distribuir alimentos livres de agrotóxicos e in natura para as famílias participantes do projeto; • Realizar rodas de conversa e diálogos sobre os riscos da Insegurança Alimentar e fome e potencial de organização comunitária para amenizar/reduzir os impactos da atual crise econômica no país;

Justificativa
A construção e execução do projeto justifica-se a partir da existência de uma área no “Residencial Jd. das Alterosas”, o qual, antes da criação do espaço “Horta Terapia”, encontra-se inativo na produção de hortaliças, embora tivesse canteiros com mais de 60 espécies de plantas medicinais (Alfavaca, Aroeira, Arnica, Babosa, Boldo, Cabeludinha, Doril, Erva Doce, Hortelã, Herra Terrestre, Goiaba, Manjericão, Melissa, Pitanga, Pitaya, Rubim, Saião, Taioba, entre outras), acessado pela comunidade diariamente. O Residencial foi construído, a partir do ano de 2009, enquanto habitação de interesse social pelo Programa Minha Casa Minha Vida no bairro Recreio Vale do Sol, e entregues 240 Unidades Habitacionais no ano de 2011, contendo aproximadamente 1000 moradores (média de 4 membros por unidade habitacional). As famílias foram contempladas com as Unidades Habitacionais a partir da inscrição do déficit habitacional pela Associação Habitacional de Alfenas (AHA), respeitando as exigências do Programa e da Caixa Econômica Federal de acordo com a faixa de renda 1, do qual reúnem famílias de zero até três salários mínimos e que não possuam imóveis, a partir das documentações requisitadas para serem contempladas com a unidade habitacional. Desta forma, o lugar das habitações sociais apresenta inúmeras demandas sociais e de infraestrutura, que se transformam e se reconfiguram com a produção do espaço urbano e das características sociais presentes no bairro. Assim, o estudo do lugar das habitações, localizadas na periferia do município, torna-se primordial na compreensão do cotidiano, das relações do espaço concebido, percebido e vivido, tríade presente na obra de Henri Lefebvre, “A Produção do Espaço” (2013). Assim, torna-se fundamental relacionar as relações da reprodução que ocorrem nos contextos da moradia para famílias de baixa renda (de zero a três salários mínimos) (vivido), a partir da construção das unidades habitacionais (concebido) nas franjas do urbano na cidade de Alfenas e aquilo que é relatado e vivenciado pelos moradores nesta habitação e bairro (percebido). O presente projeto possibilita avançar sobre as questões do cotidiano e reprodução das famílias nos residenciais, sendo investigadas questões sobre os aspectos socioeconômicos das famílias voltados à questão da Insegurança Alimentar, considerando os índices de desemprego e emprego informal, do qual devido a pandemia da COVID-19, a taxa de desemprego alcançou o patamar de 13,9% no 4º trimestre de 2020 (PNAD, 2020) . A partir do levantamento e diagnóstico das famílias enquanto etapas primárias para a execução do projeto, será possível adequar o espaço da Horta Comunitária para a produção de alimentos saudáveis, a partir da organização comunitária com o auxílio do Universidade, no plantio, cuidados, colheita e distribuição para as famílias que se enquadram nos riscos de Insegurança Alimentar e fome, enquanto participantes ativas do projeto. Outro fator atenuante que mobilizaram esforços para a construção desse projeto são os impactos da pandemia enfrentados sobretudo pelas mães, crianças e adolescentes, do qual, encontram-se fora do ambiente escolar. A escola, para além do ensino aprendizagem proporcionado aos alunos para a formação cidadã e dos conhecimentos educacionais, contribui na alimentação, como as refeições oferecidas pelas escolas públicas, a partir do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do qual oferece refeições saudáveis para crianças e adolescentes, além da educação alimentar. Com a pandemia, o ensino não presencial acarreta com o aumento das despesas em refeições diárias para a famílias, contribuindo com o aumento dos casos de Insegurança Alimentar e fome para as famílias de baixa renda. O espaço da “Horta Terapia” atualmente possuí infraestrutura adequada para a viabilização do projeto para a produção de hortaliças, sendo possível a execução de plantio de forma agroecológica de alimentos orgânicos, como irrigação, espaço de seis canteiros (1m x 7m), de aproximadamente 200 mudas de hortaliças, temperos e ervas medicinais. A participação de docentes, funcionários e discentes da Universidade com a “Horta Terapia”, localizada no bairro Recreio Vale do Sol também proporcionará estudos e pesquisas voltados para práticas agroecológicas, diálogo e organização social e reconhecimento da situação atual das famílias no residencial voltados à questão de Insegurança Alimentar.

Beneficiário
Serão beneficiados pelo projeto a comunidade de Alfenas, sobretudo o bairro Recreio Vale do Sol, assim como, discentes, docentes e funcionários da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG).