Apresentação
O programa “Ler, contar e escrever: ações de linguagem e encantamento” tem por objetivo abordar a importância de atividades com leitura e produção textual em diversos segmentos da sociedade. Congrega o evento “Caminhos e formação de leitores literários”, com oito palestras abertas ao município de Alfenas com temáticas que perpassarão pela formação integral do sujeito enquanto leitor e consequentemente na construção de uma comunidade de leitores conscientes e autônomos. Os dois projetos preveem segmentos diferentes. “Contar e dizer histórias infantis” tem o objetivo de preparar os alunos de Pedagogia e professores da Educação Infantil para abordar uma diversidade de práticas capazes de promover a educação literária das crianças, mesmo antes de estarem alfabetizadas. Já “Oralidade, escrita e leitura no ensino de português” para professores de Alfenas têm como temática o ensino da produção textual e dos modos de ler, tendo em vista ampliar conhecimentos sobre posturas leitoras e autorais.
Objetivos
A presente proposta pauta-se em uma articulação de diferentes projetos e tem como objetivo geral contribuir para a construção do leitor e escritor críticos, com enfoque na educação literária. Neste sentido, este programa está alinhado ao PDI da UNIFAL-MG pois parte de uma demanda da comunidade escolar (docentes e discentes) com relação a formação de crianças leitoras e escritoras, assim pretende fomentar a interação dialógica entre o público interno e externo à Universidade, fortalecendo o protagonismo daquele que ensina ou está se formando nas licenciaturas para exercer o magistério. As atividades de extensão que propomos podem servir de fundamento à formação de uma identidade própria dos educadores e educandos (alunos da educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental). Tais ações permitem a estes sujeitos se situarem tanto na comunidade escolar, como na comunidade a que pertencem em nível local, fornecendo-lhes meios para se construírem como cidadãos críticos e autônomos. Também se apresenta como objetivo deste programa contribuir para a formação inicial e continuada de docentes do município de Alfenas considerando parâmetros e metas postos nacionalmente, haja vista que a coordenadora deste programa também atua na coordenação do “Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil” (LEEI), no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, instituído pelo Decreto Federal nº 11.556, de 12 de junho de 2023.
Justificativa
Processos avaliativos, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), dão suporte a políticas públicas de leitura. O PISA (2021), cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de alunos em diversas disciplinas escolares (inclusive na aquisição da leitura e da escrita), tem-se baseado em um modelo dinâmico de aprendizagem, [...] no qual novos conhecimentos e habilidades necessários para a adaptação bem sucedida de um mundo em transformação são continuamente adquiridos no decorrer da vida. O PISA não avalia só o conhecimento dos estudantes, mas examina também sua capacidade de refletir sobre o conhecimento e a experiência, e de aplicar esse conhecimento e experiência em questões do mundo real. (p. 14). Os resultados divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) evidenciam que os alunos brasileiros obtiveram, em 2021, médias que os colocam na 53ª posição. No que diz respeito à leitura, o Brasil ficou entre a 44º e 57º posição entre os 81 países que participam da pesquisa. Ainda segundo o relatório, cerca de 50% dos estudantes no Brasil atingiram o Nível 2 em leitura, sendo que a média da OCDE é de 74%. Neste nível os alunos são incapazes de identificar a ideia geral de um texto, encontrar informações explícitas ou analisar a finalidade daquele material. Diante desse contexto, concordamos que a literatura não deva ser oferecida como atividade isolada; ao contrário, o estudo literário deve ser integrado com outras linguagens desde a educação infantil até a educação básica. Algumas experiências internacionais, adquiridas pela proponente deste programa em estágios pós doutorais na University of British Columbia (Vancouver, Canadá) e na Ohio State University (Columbus, Estados Unidos), concernente às estratégias de leitura inspiradas na perspectiva da corrente teórica da metacognição, mostram que a aprendizagem do falar, da leitura e da escrita deve ser integrada e centrada na criança, desenvolvendo-se em situações reais. Desse modo, os alunos devem procurar construir sentidos a partir de textos autênticos. Com fundamento nessa perspectiva teórica, nas salas de aula onde a literatura é empregada com frequência, crianças e professores praticam atividades de leitura e produção textual todos os dias. O professor escolhe uma história, que pode ou não estar relacionada com matéria do currículo escolar; a seguir, escolhe uma maneira de ler que pode se desdobrar em diferentes produções textuais. Entre variadas técnicas para o incentivo da leitura, da oralidade e da escrita e da fomentação do gosto, é possível mencionar a leitura em voz alta, o teatro da leitura, o contar histórias, o conte e desenhe, a participação de fantoches, os círculos literários, a leitura com amigos, a leitura de poesia, o planejamento de uma unidade poética, a produção de textos orais e/ou escritos, a escrita colaborativa ou autônoma, dentre as mais usadas. A escolha de cada uma dessas técnicas leva em conta o desenvolvimento, o interesse e a faixa etária dos alunos. Segundo Tompkins (1993), ao adotar as estratégias de leitura, seja na educação infantil, através da oralização, seja na educação básica a partir da leitura, o professor deve integrar a leitura e a escrita. Ou seja, ao ler uma história utilizando técnicas variadas de leitura e tipos de textos diversificados, o aluno também registrará, em forma de texto visual ou verbal, seus sentimentos e compreensão do que foi lido. Assim, a criança é estimulada, através do professor, para atividades que desenvolvem as habilidades de compreensão literal e pragmática do texto literário. Entendemos que a leitura do texto literário, associada às ações envolvidas nas estratégias de compreensão leitora, pode proporcionar um ensino de leitura diferenciado, por sugerir o uso de diversos tipos de textos e modos de estimular o ato de ler e escrever. Nessa perspectiva, ao estudar e elaborar atividades de leitura oralizada e de estratégias de compreensão leitora ao trabalho com os livros de literatura infantil e juvenil capazes de interessar crianças e jovens, estaríamos criando e vislumbrando um ensino de leitura e literatura diferencial em que os professores estabelecem uma “comunidade de leitores” (cf. HEPLER, 1991). Nessa comunidade, as crianças escolhem seus próprios caminhos literários e leem com prazer, tornando-se, assim, leitoras e os professores, sejam eles os futuros professores formados em Pedagogia ou Letras na UNIFAL-MG, sejam docentes municipais e estaduais de Alfenas são responsáveis por mediar esse aprendizado que se inicia na educação infantil e perpassa por todo ensino básico. Outros resultados com este programa de Extensão Universitária são melhorar o ensino de leitura, no Brasil. No futuro, pensando em um efeito multiplicador, conjecturar o uso deste programa em âmbito nacional, além de formar professores aptos a continuar este trabalho, de forma integrado.
Beneficiário
Cerca de 70 professores educação básica, 80 alunos de licenciaturas da Unifal-Mg, 1700 crianças atendidas pelos professores, 60 cursistas.