Apresentação
Ao considerarmos a formação de um leitor polivalente, ou seja, um leitor/escritor capaz de ler/escrever em diversos gêneros textuais. Um leitor/escritor que consiga transitar nas variedades de ‘textos’ com autonomia é quase impossível se atentar a um dos temas sem perpassar pelo outro. Assim, o curso “Caminhos e formação de leitores” pretende a partir de aulas/palestras remotas discorrer sobre alguns aspectos da formação do leitor, estabelecer a importância de um trabalho educativo voltado para a formação do leitor literário desde a primeira infância até a idade adulta. Num total de 8 palestras o cursista terá contato com: a) gestos embrionários de leitura na educação infantil; b) contar e dizer histórias; c) bibliodiversidade; d) a escolha de livros literários; e) gêneros literários na escola; f) poesia infantil e juvenil; g) literatura juvenil e séries; h) o cinema e a literatura. Há um elo entre todas as temáticas, aquele que estabelece uma educação literária de excelência.
Objetivos
A presente proposta pauta-se em uma articulação de diferentes temáticas todas relacionadas a formação do leitor e tem como objetivo geral contribuir para a construção crítica, com enfoque na educação literária. Enquanto atividade de extensão, em parceria com o Programa de Pós Graduação em Educação, o curso é montado por 8 aulas/palestras remotas com especialistas da UNIFAL-MG e de outras universidades, estabelecendo assim uma relação interinstitucional que se fundamenta no papel social da Universidade, à formação da identidade de educadores e educandos (alunos da educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental). Tais ações permitem a estes sujeitos se situarem tanto na comunidade escolar, como na comunidade a que pertencem em nível local, fornecendo-lhes meios para se construírem como cidadãos críticos e autônomos.
Justificativa
A leitura é, inegavelmente, um instrumento de acesso à cultura e de aquisição de experiências e, por isso, uma das mais importantes funções da escola é formar leitoras(es). Quando tratamos especificamente da leitura literária há, ainda, outras competências em jogo, como cita Cosson (2020): reconhecer convenções literárias, dar sentido aos enunciados a partir das próprias experiências, dominar códigos interpretativos, narrativos e simbólicos. A leitura literária é a que efetivamente forma leitoras(es), uma vez que permite diferentes interpretações e abre espaço para a atribuição de sentidos. Além disso, leitura pressupõe trabalho com a linguagem e é por meio dela que nos construímos como sujeitos. Quando conseguimos nomear o que vivemos, podemos, com mais aptidão, transformar nossa realidade. Por isso, não se pode negar a relevância do trabalho efetivo com a literatura na escola. Segundo Azevedo (2004), crianças precisam ouvir e ler histórias para entrar em contato, por meio da ficção, com assuntos que raramente são apresentados a elas, dada a dificuldade e complexidade desses temas, como as emoções humanas, a morte, a sexualidade, a ética, a efemeridade. Ademais, a literatura leva o leitor a uma busca além da realidade, à procura do significado interno, do reconhecimento do simbólico nos acontecimentos do dia a dia. Ler literatura é também exercitar a empatia, entrando em contato com aquilo que é adverso às próprias crenças, por meio de pensamentos divergentes dos seus. Segundo Cosson (2019, p. 17), a literatura é “[...] a incorporação do outro em mim sem renúncia da minha própria identidade”. Sobretudo, como garante Candido (2011), a literatura é um direito humano, imprescindível à formação do sujeito. Pensar na literatura como direito significa reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o outro. Por meio da literatura, situações humanas complexas são criadas – são ficção, mas poderiam ser realidade – e, a partir delas, temos a chance de pensar sobre a vida, o mundo, nós mesmos e o outro. A literatura é uma forma de redescrição da realidade e, por isso, é capaz de humanizar e ampliar a consciência e os horizontes do leitor. O objetivo do ensino da literatura para o paradigma do letramento literário é, segundo Cosson (2020), ampliar e aprimorar a competência literária do estudante, pois, quanto mais desenvolvida essa competência, maior será o conhecimento do repertório e mais consolidada será sua experiência literária, ou seja, a apropriação literária do texto literário. A competência literária tem uma significação bastante ampla, conforme diferentes abordagens de ensino da literatura. Desenvolver competência literária é ensinar a converter enunciados linguísticos em estruturas e sentidos literários; reconhecer convenções literárias; dar sentido ao texto a partir das próprias experiências; dominar códigos interpretativos (entendimento do enredo, dos contextos socioculturais), narrativos, simbólicos etc. (Cosson, 2020). E neste sentido, um curso com várias aulas/palestras remotas que dialoguem com a formação do leitor literário e caminhos para que desde a educação infantil até a idade adulta as instituições escolares e os mediadores de leitura possam trilhar é desejo desta proposta. Nesta trajetória, o curso será ofertado para mediadores de leitura (alunos de graduação, docentes, bibliotecários). No que se refere à mediação de leitura, Cerrillo, Larrañaga e Yubero (2002, p. 30, tradução minha), afirmam que o mediador tem as seguintes funções: "Criar e fomentar hábitos de leitura estáveis; [...] orientar a leitura extracurricular; coordenar e facilitar a seleção de leituras por idades; preparar, desenvolver e avaliar animações de leitura”. Para atingir esses objetivos, o mediador deve cumprir uma série de requisitos essenciais que, embora possam parecer óbvios, devem ser conhecidos, segundo Cerrillo, Larrañaga e Yubero (2002, p. 30, tradução minha): “Ser um leitor habitual; compartilhar e transmitir o prazer da leitura; ter capacidade para promover a participação; [...] acreditar firmemente em seu trabalho de mediador; possuir uma formação mínima em literatura, psicologia e didática.” É são esses requisitos que queremos explorar no curso ora proposto.
Beneficiário
Os beneficiários serão os estudantes, professores, bibliotecários, profissionais de educação e gestores de escolas públicas e particulares de Alfenas e outras localidades.