PRODUÇÃO MULTISSEMIÓTICA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Apresentação
A figura do cientista/pesquisador tem sido associada a aspectos disfóricos no atual contexto-sócio político, dando margem a indagações e argumentações que não são baseadas na razão ou observação dos fatos. Entretanto, tal cenário não é relativamente novo. Na maioria das vezes, os pesquisadores acadêmicos compartilham suas pesquisas e resultados apenas entre seus próprios pares. Se por um lado esse tipo de comunicação gera avanços consideráveis ao estado da arte da ciência, por outro, gera distanciamento e pouca interação com o público leigo e externo à universidade, em especial. Nesse sentido, objetivamos neste projeto de extensão estimular a divulgação científica para a comunidade externa à Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) por meio da produção de textos multissemióticos. Como resultado, criaremos espaços plurais de diálogo entre o meio acadêmico/científico e outros setores sociais, como escolas e grupos sociais em vulnerabilidade.

Objetivos
(i) Promover o multiletramento científico: os textos (escritos e/ou orais) que serão produzidos no âmbito deste projeto poderão servir de apoio e discussão inicial para professores e alunos do ensino básico em suas atividades pedagógicas de ensino-aprendizagem; (ii) Divulgar áreas do conhecimento negligenciadas no senso comum do que é Ciência: os textos produzidos deverão contemplar não somente áreas habitualmente tidas como Ciência (como divulgação de aspectos da Química, Física e Medicina), bem como de aspectos relevantes às áreas de humanidades (como Letras, História, Sociologia) e/ou aplicadas (Economia, Ciências Atuariais e Administração Pública); (iii) Divulgar própria UNIFAL-MG: os textos publicados servirão de mecanismo de divulgação do ponto de vista institucional, não apenas no público delimitado em (i), mas também como impulsionador da universidade na grande mídia; (iv) Estabelecer maior vínculo social da universidade com a comunidade externa: por fim, os textos produzidos poderão servir de plataforma da universidade criar vínculos sociais mais profundos com a comunidade externa de seus três campi (sede em Alfenas, Poços de Caldas e Varginha).

Justificativa
Atualmente, é necessário refletir quais as estratégias de CC e de DC que os pesquisadores/cientistas têm utilizado para publicar seus resultados de pesquisa. Segundo Escobar (2009), o Brasil é o 13º país em que se produz mais ciência no mundo, promovida, em geral, por universidades públicas (o que representa 60% de toda produção). Embora esse fato seja constatado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), resultando na revisão e na ampliação do espectro de Qualis dos periódicos científicos do país (BRASIL, 2019), a maior parte daquilo que é produzido e publicado tem como destinatário apenas pesquisadores especialistas em seus respectivos temas e áreas de formação e atuação. Contudo, se por um lado, a CC é ampla e consistente, sendo bastante motivada por políticas de publicação constante de professores e pesquisadores para que sejam regularmente avaliados por agências de fomento governamentais e/ou privadas, por outro, há registro de poucas produções de DC com iniciativa das universidades públicas brasileiras. Retomando o relatório de Percepção Pública de Ciência e Tecnologia no Brasil, percebe-se um cenário científico desesperador: se há o aumento no número de publicações científicas frente a uma população interessada em ciência concentrada em classes média e alta do país, há um cenário clarividente separatista e classista, em que o acesso ao Conhecimento/Saber é privilégio, não direito. Como resultado, em camadas sociais de menor instrução e formação técnico-formal há desinteresse sobre ciência, ao passo que há aumento de discursos fundamentados em crenças/“achismos” que veiculam e sustentam dúvidas ao saber Científico, como campanhas anti vacina, teorias terraplanistas e a inexistência do aquecimento global. Para além de culpabilizar as universidades sobre o atual cenário sócio-político, é necessário ter em vista as condições de produção dos textos científicos, os espaços por onde eles circulam e, por fim, quem são os receptores destes textos. Quanto às condições de produção, tem-se um contexto nacional de avanço de ideologias totalitárias e extremistas, propiciando o esvaziamento do discurso científico, gerando a descrença em pesquisadores e seus atuais mecanismos de circulação de conhecimento. Quanto aos espaços por onde os textos circulam, é necessário considerar que, enquanto a Academia preocupa-se em publicar seus textos em periódicos especializados e indexados, as “teorias de achismo” ocupam (cyber)espaços onde a maior parte da população está/tem acesso, articulando o texto em função deste público. Por fim, quanto à recepção, tem-se a adesão e reverberação de teorias de achismo e o esvaziamento de sentido das científicas. Assim, como medida para fomentar o avanço e divulgação da Ciência em espaços geralmente não ocupados por discurso formal e jargões técnico-científicos, contribuindo diretamente com a extensão universitária, visamos a produção multissemiótica de textos de divulgação científica. Os textos produzidos servirão de mecanismos de divulgação entre a universidade e a comunidade externa a ela, com uma linguagem e estrutura textual que seja de fácil compreensão pela maioria do público-alvo. Salientamos que os mecanismos técnicos pretendidos e explanados ao longo deste projeto estão articulados com as estratégias de Ensino e Pesquisa promovidas pela UNIFAL-MG, contribuindo para uma educação global, humanizada e emancipatória de seus alunos.

Beneficiário
Públicos interno (Docentes e Discentes - graduação e pós-graduação) e externo (professores e alunos do ensino básico, bem como jornalistas e público não-especializado) à universidade. Salienta-se o aspecto multiplicador deste projeto a pessoas que podem não ser atendidas diretamente por ele.