LUDICIDADE E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: AS CONTRIBUIÇÕES DA BRINQUEDOTECA DA UNIFAL-MG

Apresentação
O projeto "Ludicidade e Relações Étnico-Raciais: as contribuições da brinquedoteca da UNIFAL-MG" tem como objetivo levar às instituições de educação infantil que atendem crianças de 3 a 5 anos, elementos que compõem um universo lúdico por meio de brinquedos e livros de literatura infantil tendo como recorte a questão étnico-racial. A partir da criação do que estamos denominando de "Cantinho Afro-Lúdico", será disponibilizado materiais diversos como bonecas e bonecos, globo terrestre, livros de literatura infantil, elementos africanos e brinquedos diversos associados à questão étnico-racial que compõem o acervo da brinquedoteca da UN. O projeto visa trazer contribuições para a implementação da Lei 10.639 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana sancionadas no ano de 2004 a partir de uma proposição de trabalho destas temáticas com as crianças por meio do brincar e da literatura infantil

Objetivos
- Contar histórias a partir de livros de literatura infantil que abordem a questão étnico-racial e/ou que trazem personagens negros; - Disponibilizar brinquedos e materiais voltados para a questão étnico-racial visando a ampliação do universo lúdico das crianças; -Ouvir as crianças, conhecer suas opiniões e manifestações a respeito dos livros de literatura infantil e dos brinquedos e materiais disponibilizados.

Justificativa
As pesquisas realizadas na educação infantil envolvendo a questão étnico-racial apontam para a existência da problemática neste espaço como os estudos de Cavalleiro (2000), Oliveira (2004), Cruz (2008), Silva (2010), Feitosa (2012), Bischoff (2013) e Cabral (2017) para citar alguns. As pesquisas nos mostram um contexto bastante delicado, a partir do qual as crianças negras estão internalizando determinados conteúdos que contribuem negativamente para a construção de sua identidade. As pesquisas são reveladoras de um silêncio envolvendo a questão racial na escola e também na família que acaba não oferecendo um repertório para que essa criança enfrente os preconceitos presentes na sociedade e também no espaço escolar, pois a questão é ocultada nas duas instituições. Assim, as crianças negras estão tendo diversas experiências que as levam a constituir uma autoimagem negativa. Os dados obtidos pelos pesquisadores nos mostram que há um tratamento diferenciado em relação às crianças negras e brancas, a partir de uma linguagem não-verbal por meio de atitudes, gestos e tons de voz que reforçam o racismo e a rejeição por parte das crianças negras em relação ao seu pertencimento étnico. Algo que foi confirmado também pela minha pesquisa de mestrado defendida no ano de 2004 realizada no espaço da creche que teve como contexto de fundo a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial/SEPPIR no ano de 2003, a aprovação da Lei 10.639 também no ano de 2003 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana de 2004. Consideramos que por meio de obras de literatura infantil que contenham elementos culturais Afro-Brasileiros ou Africanos, estas possam proporcionar às crianças negras um sentimento de identificação e aceitação de si mesmas. Ao mesmo tempo, o mesmo livro pode apresentar as crianças brancas um contato cultural que talvez, sozinha em casa, ela não o teria, o que pode agregar a ela novos saberes de vida como o respeito as diferenças. Essa contribuição dos livros também pode ser estendida aos brinquedos e materiais, pois também oferecem vivências e interações utilizando como base o fantasioso e a imaginação. A criança tem o direito de brincar e a brinquedoteca assegura este direito. A Declaração dos direitos da criança de 1959 já apresentava este direito a partir do seu princípio sétimo considerando que “a criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito”. E a Convenção sobre os direitos das crianças de 1989 vem afirmar este direito no seu artigo 31 assegurando que “os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias de sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística”.

Beneficiário
Crianças e professoras da educação infantil