DIMENSÕES AFRICANAS NOS RECURSOS DIDÁTICOS

Apresentação
Em 2022, o projeto Dimensões africanas nos recursos didáticos tem como objetivo pesquisar cosmologias africanas e afrodescendentes para produzir recursos didáticos voltados a um público amplo por meio de plataformas digitais como o Blogger e o Instagram. A intenção é continuar a dar vazão aos estudos e à criatividade de discentes do curso de História, que durante os dois períodos de Ensino Remoto Emergencial em nossa universidade, no ano de 2020 e sob a orientação da coordenação do projeto, desenvolveram pesquisas substancialmente importantes e de ponta e produziram recursos didáticos a respeito das experiências históricas de africanos e afrodescendentes. Além disso, pretendemos que a continuação destas atividades engaje membros das comunidades negras do Sul de Minas Gerais, como as das cidades de Poço Fundo e de Ilicínea, parceiras da atual proposta. Vincularemos ainda todas as ações ao Programa Laboratório de História Pública da UNIFAL-MG.

Objetivos
• Recolher e estudar tradições orais, entendidas aqui como narrativas de origem dos grupos, causos, canções, advinhas, orações, entre outras expressões da oralidade, das comunidades negras dos municípios sul-mineiros de Poço Fundo e de Ilicínea; • Estudar materiais bibliográficos, literários, orais e audiovisuais que divulgam temáticas africanas e afrodescendentes e que contribuam para a produção dos recursos didáticos a partir da recolha das tradições orais nas comunidades negras de Poço Fundo e de Ilicínea; • A partir dos estudos e da recolha das tradições orais entres as comunidades negras de Poço Fundo e de Ilicínea, produzir textos escritos e materiais em áudio, como podcasts, que, entendidos como recursos didáticos, serão compartilhados em blog e conta do Instagram, criados especialmente para este fim; • Produzir conhecimento histórico a respeito das cosmologias africanas e afrodescendentes e contribuir com o fortalecimento da educação das relações étnico-raciais; • Realizar apresentação em evento acadêmico e publicação de artigo em livro e/ou em revista de extensão, ensino e pesquisa; • Vincular as ações do Projeto Dimensões africanas nos recursos didáticos ao Programa Laboratório de História Pública.

Justificativa
Há quase duas décadas, as leis 10.639/03 e 11.645/08 representam um passo extremamente importante para a democratização do ensino na sociedade brasileira. Fruto de um longo processo de luta social dos movimentos negro e indígena, os dispositivos legais ressaltaram a importância de os estudantes da educação básica conhecerem narrativas históricas específicas e não eurocêntricas e reconhecerem as contribuições sociais, políticas, econômicas e culturais dos afrodescendentes e dos indígenas para a formação do nosso país. Deste modo, foi criada uma demanda pelo conhecimento dessas temáticas em todas as instâncias educacionais de ensino: desde a educação básica até a formação inicial e continuada de professores. Debates conceituais e estudos sobre seleção de temas, formas de abordagem, produção e utilização de materiais e recursos didáticos são exigências de ordem teórico-metodológica que têm avançado, mas que ainda representam desafios para os profissionais da área da educação. Especificamente com relação aos estudos africanos e à educação étnico-racial, os campos têm crescido no Brasil com a criação de novas disciplinas nos cursos de graduação, atividades de pesquisa e extensão, cursos de pós-graduação stricto e lato sensu e de curta duração, além de associações e eventos especializados e uma produção didática e paradidática crescente “sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros educacionais do MEC – Programa Nacional do Livro Didático e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE)” (BRASIL, 2004, p. 15). Precisamente refletindo a respeito dessa produção didática que ampliamos a atual proposta, em relação aos anos anteriores, visando contribuir com a produção de recursos didáticos a serem disponibilizados em blog e em conta do Instagram e realizando atividades que podem ser feitas em modo remoto e presencial por discentes da UNIFAL-MG junto aos membros das comunidades negras das cidades de Poço Fundo e de Ilicínea. Segundo o Parecer CNE/CP 003/2004, que organizou as diretrizes curriculares relacionadas aos conteúdos africanos e afrodescendentes, materiais diversos, como os bibliográficos, literários, orais e audiovisuais, entre outros, e que veiculam tradições orais destas populações, podem ser encarados como potenciais recursos didáticos, ao serem utilizados a partir de uma “abordagem plural da cultura e diversidade étnico-racial da nação brasileira” e com o objetivo de corrigir “distorções e equívocos em obras tradicionais”, publicadas anteriormente. (BRASIL, 2004, p. 15). Portanto, o trabalho com estes materiais justifica-se pela tentativa de contribuir com a produção de conhecimento da história da África, dos afro-brasileiros e dos ameríndios e com o desenvolvimento de “pedagogias de combate ao racismo e às discriminações”, no dizer da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (BRASIL, 2004, p. 7-8). Além disso, a atual proposta também se justifica pela experiência acumulada pelo projeto Dimensões africanas que, entre os anos de 2012 e 2021 (com exceção de 2015, por conta do afastamento da coordenadora do projeto para finalização do doutorado), desenvolveu diversas atividades de pesquisa e de ensino com estudantes da UNIFAL-MG e agentes de diferentes instituições educacionais de Alfenas, as quais propiciaram também a produção de pesquisas de iniciação científica e de trabalhos de conclusão de curso, além de participação em eventos acadêmicos, premiações e publicações de artigos. Estas produções anteriores, portanto, propiciaram uma experiência que justifica a atual proposta de produção de recursos didáticos a serem disponibilizados em plataformas digitais. Nesta perspectiva, a atual proposta se integra também aos debates e preocupações dos especialistas do campo da História Pública. Neste caso, a produção do conhecimento histórico em espaços acadêmicos e não acadêmicos, a partir de análise de materiais diversos e de produção e reprodução de recursos didáticos na internet. Por fim, justificamos a proposta pelo potencial de troca de conhecimento e experiências entre estudantes da UNIFAL-MG e de agentes sociais das cidades de Poço Fundo e Ilicínea, no trabalho direto com os materiais diversos, que, por conseguinte, favorecerá a produção de conhecimento histórico e social em conformidade com as diretrizes da Extensão Universitária, conforme explicado a seguir nos campos específicos.

Beneficiário
Estudantes de História da UNIFAL-MG, membros das comunidades negras de Poço Fundo e de Ilicínea e público em geral consumidor de postagens em blog e em rede social como o Instagram. A quantidade de beneficiários relacionada abaixo refere-se a uma estimativa que considera também a potencialidade da conta do Instagram.