ESCOLA DA NATUREZA

Apresentação
É amplamente conhecido que a humanidade enfrenta uma crise global que ameaça a sustentabilidade do planeta. Um dos grandes desafios do século XXI será descobrirmos maneiras de projetar como natureza, ou seja, de nos tornarmos uma sociedade regenerativa apoiada no design de produtos biomiméticos, em sistemas de energia renováveis, na química verde, na arquitetura biomimética, em cidades e indústrias que funcionam como os ecossistemas. O projeto proposto visa implementar na UNIFAL-MG uma comunidade de aprendizagem transdisciplinar de ensino, pesquisa e extensão voltada ao pensamento e à implantação de ações regenerativas. Para isso, esta ação propõe atividades que são voltadas à educação socioambiental e ao pensamento regenerativo; à ativação de redes locais e regionais dedicadas ao ativismo socioecológico, e à criação de um parque escola por meio de metodologia participativa.

Objetivos
Objetivo geral: Difundir o pensamento e a prática do design de culturas e tecnologias regenerativas e uma cultura ecológica de respeito ao ambiente e demais seres vivos por meio de uma visão holística que incorpore as problemáticas sociais contemporâneas buscando induzir reflexões, ações, intervenções e interações na escala local e regional, por meio de metodologias dialógicas, a fim de co-criar com a comunidade pensamentos e práticas dedicadas à formação de agentes de transformação social e ambiental, estimulando o exercício da cidadania ativa. Objetivos específicos: (A) Articular uma rede local e regional colaborativa de planejamento, gestão, manejo e ocupação do Sistema Agroflorestal Urbano (SAF-urbano) implementado na UNIFAL-MG/campus Varginha; (B) Assegurar o desenvolvimento saudável das espécies plantadas e expandir gradualmente a agrobiodiversidade na área; (C) Desenvolver o parque escola por meio da construção de novas camadas no SAF do tipo “salas de aula” aberta (espaços pedagógicos que visam atender as demandas de ensino, pesquisa e extensão da universidade e da comunidade) e (D) articular com (e apoiar) ações socioambientais de outros agentes locais e regionais. Para tanto, o projeto propõe o desenvolvimento das seguintes atividades: promoção de (1) visitas guiadas no SAF, (2) oficinas de manejo agroflorestal e (3) mutirões agroflorestais; (4) desenvolvimento e detalhamento de projeto técnico do parque escola (estudo preliminar e anteprojeto) para qualificação da infraestrutura urbanística do SAF e uso e ocupação da área; (5) implementação e desenvolvimento da compostagem dos resíduos orgânicos (pré cozinha) do restaurante universitário (com o apoio do projeto de extensão "DECOMPONDO: compostagem, geração de renda e educação ambiental na COOPERSUL"); (6) apoio a esse mesmo projeto com a implementação e gestão, em Varginha, do ponto "pegue e doe" de distribuição do composto orgânico produzido pela cooperativa; (7) viabilização, gestão e divulgação, em Varginha, da Feira agroecológica e cultural da UNIFAL-MG (FACU); (8) promoção de divulgação científica no perfil, já ativo, @escoladanatureza.br, e, por fim, (9) Apoio ao Mês da Sustentabilidade (evento institucional).

Justificativa
É amplamente conhecido que a humanidade enfrenta uma crise sem precedentes de proporções globais que ameaça a sua própria viabilidade e a sustentabilidade futura do planeta, tal qual o conhecemos. Estamos sofrendo as consequências do uso dos recursos naturais a uma taxa muito maior do que eles podem ser renovados. Florestas, pescas e recifes de coral estão danificados e desaparecendo, os solos estão empobrecidos pelo excesso de cultivo e uso de produtos químicos, a diversidade está reduzida pela manipulação genética e deterioração dos ecossistemas, as reservas de água doce estão diminuindo e hoje mais da metade da população do mundo enfrenta escassez de água. A mudança nos padrões climáticos está criando secas, desertificação, tempestades, enchentes, incêndios, quebras de safra, elevação dos níveis dos mares e ameaça de inundação de cidades costeiras e territórios, fenômenos que seguramente contribuem para o agravamento de desigualdades múltiplas. No cerne desse processo, está o tensionamento da relação homem-natureza, gerado pelo nosso padrão de desenvolvimento socioeconômico. Nas últimas décadas, as críticas a esse modelo tornaram-se o ponto de partida para a busca de soluções para um futuro sustentável. Os alertas científicos (MEADOWS et al, 1972; ROCKSTRÖM et al, 2009ab) e os diversos acordos firmados (UN 2012; UN 2015) durante as conferências internacionais sobre meio ambiente e desenvolvimento, promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), apontaram que esse padrão precisa urgentemente ser repensado e recriado. O aumento da pobreza, da desigualdade social, do desemprego, da instabilidade democrática, da precarização do trabalho, da migração em massa, etc., são sinais seguros que indicam a real necessidade de reavaliação dos caminhos de nossas estratégias civilizatórias. Todos estes problemas estão hoje bem documentados e conhecidos pela comunidade científica, no entanto, a conscientização sobre seu alcance e complexidade não. Também não está claro - e nem disponível - para a sociedade quais as habilidades práticas, analíticas e a profundidade filosófica necessárias para refazer a presença humana no mundo. Sem treinamento adequado, podemos não ser capazes de lidar, a tempo, com as complexas, entrelaçadas e transdisciplinares questões envolvidas no redesenho do nosso estilo de vida e na transição de nossas comunidades e sociedades para um formato sustentável e regenerativo. Este contexto gera uma demanda de educandos(as), educadores(as), cidadãos(ãs) e profissionais qualificados em termos de conteúdo e metodologia para promover a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em nível local. Dentro de um cenário de crise, há uma oportunidade única a ser explorada e o colapso de nossa sociedade em múltiplas dimensões da existência gera possibilidades abrangentes. Existem caminhos alternativos viáveis à forma como nossa sociedade está organizada, que poderiam nos ajudar a desviar das tendências que nos direcionam à crise e preparar o caminho para uma civilização sustentável, pacífica e justa. Neste contexto, o SAF-urbano da UNIFAL-MG/campus Varginha se insere como um território que oportuniza o desenvolvimento de atividades que buscam justamente a construção de uma comunidade de aprendizagem participativa e dialógica focada em conhecimentos e reflexões sobre a visão de mundo e as ações transformadoras para promoção de uma sociedade alicerçada no bem-estar, na diversidade, justiça e dignidade social, na redução da desigualdade, no fortalecimento das capacidades e liberdades individuais, na promoção de uma cultura humana pacífica e regenerativa, e no alinhamento entre sistemas sociais e ecológicos. O SAF foi implementado, em 2021, com o plantio de 800 mudas de plantas de 120 espécies, majoritariamente raras no mercado nacional, em uma área de 7200 m2 (5,5% da área do campus) e demanda cuidado contínuo. Para isso, requer que seja criada uma rotina e dinâmica de uso e ocupação para que possa efetivamente desempenhar-se como um espaço de aprendizagem, de encontro, de troca entre membros "internos" e "externos" à UNIFAL-MG e de organização de ação coletiva em prol de causas socioecológicas locais e regionais. Portanto, entendemos que as atividades propostas para serem desenvolvidas neste território (e articuladas com ele) são essenciais para o aumento do conhecimento sobre a problemática ambiental em sentido amplo, para o aumento da apropriação coletiva deste território pela UNIFAL-MG e comunidade (local e regional) e para potencializar o engajamento de agentes em diversas ações para transformação social e ambiental.

Beneficiário
Lideranças comunitárias, membros de ONGs, movimentos sociais, cooperativas; agricultores(as); educadores(as) e gestores(as) ambientais; professores(as) e estudantes; membros da comunidade acadêmica UNIFAL-MG (discentes, servidores e terceirizados); cidadãos em geral.