CIRCUITOS CURTOS DE AGROECOLOGIA: PRODUÇÃO, CULTURA E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS NO SUL DE MINAS GERAIS

Apresentação
Atualmente, o modelo hegemônico de alimentação, protagonizado por grandes corporações, tem distanciado produtores e consumidores. Devido a isso, a promoção de um modelo de alimentação saudável passa pela reaproximação entre os agricultores de base familiar e a comunidade por meio da oferta de produtos livres de agrotóxicos, seguindo os princípios da Agroecologia e da soberania alimentar. Com esse projeto de extensão, visa-se criar e/ou aperfeiçoar circuitos curtos de produção e comercialização de produtos agroecológicos no Sul de Minas Gerais através de duas ações: i) feiras de produtores agroecológicos em Alfenas e Poços de Caldas e; ii) a criação de grupos de consumo seguindo a metodologia de Community Supported Agriculture (Agricultura Apoiada pela Comunidade - CSA). O projeto pretende gerar resultados em dois eixos: criação de canais de comercialização para produtores agroecológicos e oferta de alimentos frescos e saudáveis à população de Alfenas, Poços de Caldas e região.

Objetivos
• Contribuir com a criação de novos espaços de comercialização de alimentos agroecológicos produzidos por agricultores e camponeses sulmineiros; • Incentivar a articulação entre diferentes coletivos de produtores agroecológicos e orgânicos do Sul de Minas Gerais; • Oferecer oportunidades de consumo de produtos agroecológicos para a comunidade de Alfenas e região Sul de Minas Gerais; • Promover atividades culturais em parceria com o projeto Cultura Unifal e articuladas aos canais de comercialização de produtos agroecológicos.

Justificativa
Dentre as diversas crises que caracterizam o mundo contemporâneo (climática, energética e financeira, por exemplo), a alimentar é uma das mais dramáticas (HOLT-GIMÉNEZ; ALTIERI, 2013). Em 2016 exisitam mais de 800 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar no mundo (FAO et al., 2017), especialmente em regiões como a África Subsahariana e o Sudoeste e Oeste asiáticos. Apesar de avanços obtidos no começo do século XXI, a fome também é presente no Brasil. Em Minas Gerais, por exemplo, 18,4% dos domicípios são classificados como em situação de insegurança alimentar, seja ela lever, moderada ou grave (IBGE, 2014). Ao mesmo tempo, polarizando com essa realidade, o número de pessoas obesas no mundo tem aumentado, de modo que a World Health Organization (Organização Mundial da Saúde) (2016) estima que mais de 1 bilhão e 200 milhões de pessas estão nessa situação. No estado de Minas Gerais, entre 2012 e 2018, a porcentagem da população entre 20 e 59 anos considerada acima do peso foi de 52% para 58,9% (MINAS GERAIS, 2018). A raiz dessa situação se encontra na transformação do alimento em mercadoria, em oposição ao seu caráter como bem social ou Direito Humano Fundamental (MACHADO; OLIVEIRA; MENDES, 2016). Até mesmo o significado biológico e químico da comida tem mudado, pois, visando o barateamento de custos e a produção em larga escala, grandes empresas do ramo alimentar tem dado preferência aos ultraprocessados, os quais são comprovadamente menos nutritivos do que os alimentos sem ou com baixo grau de processamento (MONTEIRO et al., 2019). Não à toa, o sistema agroalimentar global tem sido cada vez mais condicionado em todas as suas etapas por uma pequena quantidade de gigantescas corporações (MURPHY; BURCH; CLAPP, 2012), o que tem feito com que milhões de pequenas unidades de produção controladas pelo campesinato são inviabilizadas econômicamente (MAZOYER; ROUDART, 2006). Como forma de contribuir para a superação desse contexto, movimentos camponeses e grupos de consumidores urbanos tem dado ênfase a ações que visam criar ou aperfeiçoar canais curtos de produção e comercialização de alimentos, especialmente os agroecológicos (HERGESHEIMER; WITTMAN, 2012). Nesses casos, a Agroecologia é vista como um modelo que vai além das técnicas de produção de alimentos, remetendo também a outros fatores diretamente relacionados às políticas alimentares como a permanência dos camponeses na terra, a universalização no acesso à comida boa e saudável e a rearticulação entre a sociedade e a natureza (CALDART, 2019). Assim, esse projeto de extensão visa gerar resultados de fomento à produção agroecológica e a criação de canais de comercialização de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos no Sul de Minas Gerais. Apesar dessa região ter importantes pólos de produção agroecológica como a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo (COOPFAM), de Poço Fundo, a Rede de Agroecologia e Economia Solidária (RAES), de Três Pontas e a Cooperativa dos Camponeses Sulmineiros (CAMPONESA), de Campo do Meio, todas vinculadas à Central de Associações de Produtores Orgânicos do Sul de Minas, ainda são excasos os canais de comercialização direta com o consumidor. A criação ou fortalecimento de canais curtos de produção e comercialização de alimentos agroecológicos por meio da FACU e de um grupo de CSA pode contribuir com a busca pela superação dessa lacuna.

Beneficiário
Professores, estudantes, funcionários técnicos-administrativos, produtores camponeses que se dedicam à Agroecologia ou que queiram realizar a transição agrocológica, consumidores e comunidade de Alfenas e região Sul de Minas Gerais.