FORMAÇÃO DOCENTE PARA A DIVERSIDADE: CONSTRUINDO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS TRANSFORMADORAS

Apresentação
Trata-se de uma proposta de curso voltado à temática de gênero, sexualidade e diversidade étnico-racial, demandada por uma escola da rede estadual do município de Alfenas, com foco na formação continuada dos profissionais da escola. A proposta, organizada em três módulos, visa a debater e fomentar reflexões acerca dos preconceitos nas práticas pedagógicas, para, posteriormente, propor, a partir dos pressupostos da Educação para o Pensar de Matthew Lipman, a construção de histórias - que se tornarão materiais didático-pedagógicos - a serem utilizadas na prática cotidiana para a abordagem do tema.

Objetivos
Apresentar e desenvolver práticas reflexivas a partir da leitura de livros infanto-juvenis sobre o tema em tela; Construir, junto aos professores, estratégias metodológicas para a abordagem da temática no interior da sala de aula e a construção de ações de enfrentamento aos preconceitos; Construir reflexão sobre as práticas cotidianas desenvolvidas e buscar amparar professores/as com possíveis ferramentas para a desconstrução de situações de preconceito e discriminação.

Justificativa
No atual contexto em que estão imersas as nossas escolas públicas, sobretudo se considerarmos os avanços de projetos como o "Escola sem Partido" e os equívocos veiculados a partir da chamada "Ideologia de gênero", faz-se mister que a universidade - ainda lócus preferencial de produção de conhecimento em nosso país - se debruce sobre a realidade cotidiana das escolas. Neste sentido, discutir relações de gênero e sexualidade nas escolas, por exemplo, é bem mais do que a aparência de uma ação que propõe a banalização e erotização precoce das crianças. Em verdade, o que se busca é, em primeiro lugar, a criação de práticas co-educativas, ou seja, que meninas e meninos sejam igualmente forjados/as para o exercício pleno da democracia; homens e mulheres possam gozar de iguais direitos e deveres no efetivo exercício da cidadania. Em segundo lugar, apresenta-se o fato de sermos o país que, a considerar as estatísticas oficiais, mais assassina a população LGBT; em 2017 foram mais de 300 mortos. Ademais, em terceiro lugar, registram-se os altos índices de bullying praticas no ambiente escolar. Isso posto, o contexto acima esboçado requer ações efetivas de enfrentamento na medida em que se reconhece a escola como uma instituição social promotora dessas práticas preconceituosas e discriminatórias. Tal constatação não nos impinge a função de reconhecer professores e professoras como algozes cotidianos de nossos alunos e nossas alunas. Ao contrário, visa a fornecer um arcabouço teórico-metodológico que, amiúde, não tem estado presente nos cursos de formação inicial de professores, tal qual apontava Marlucy Paraíso (1997). Nessa direção, é preciso reconhecer, tal qual o faz Guacira Louro (2002), que as relações de gênero e sexualidade estão presentes no cotidiano da escola e, talvez, as aprendizagens sobre ser homem e ser mulher podem ser apontadas como as maiores marcas deixadas em um corpo escolarizado. Para além das discussões de gênero e sexualidade, é preciso pensar naquilo que Brah (2006) denomina de atravessamento das categorias. Em outras palavras, não basta problematizar somente o gênero e a sexualidade, mas também é necessário pensar nas relações de classe social e étnico-raciais que atravessam e desafiam, o tempo todo, a formação do processo identitário de alunos e alunas. É nesse cenário de intersecção dessas categorias que este curso se propõe a atuar na formação de professores a partir de uma perspectiva crítica (Zeichner, 1993; Contreras, 2002). Ou seja, é preciso pensar e construir práticas pedagógicas que não se ancorem somente no fazer pedagógico interno à sala de aula, mas também reconheça que as práticas são elementos mediadores na formação de um sujeito ativo de seu processo.

Beneficiário
Serão beneficiários os/as professores/as, a equipe pedagógica e a equipe gestora da universidade, além de discentes de graduação e pós-graduação que atuarão como voluntários/as.