DEBATES COSMOLÓGICOS

Apresentação
O evento Debates Cosmológicos, em sua primeira edição, foi pensado pelo professor e alunos da disciplina de Tópicos Especiais em Administração Pública: Xamanismo Urbano e Religiosidades Afro-brasileiras para dar visibilidade as pautas de atores indígenas e não indígenas ligados a questão do xamanismo urbano no Brasil. Serão discutidas possibilidades de inserção de atores indígenas nas cidades, perspectivas de formação do turismo nas terras indígenas, formação de organizações/empresas de turismo em interlocução direta com os indígenas, perspectivas cosmológicas em interação com o xamanismo indígena, musicalidade e religiosidade a partir das trocas culturais com atores indígenas e outros temas associados. Considerando os protocolos de segurança a respeito da COVID-19 e a disponibilidade dos atores envolvidos, o evento se dará em formato online em videoconferências com os atores transmitidas pelo professor no formato de lives.

Objetivos
Não disponível para preenchimento

Justificativa
Diante do momento atual de luta pelas demarcações de terras indígenas e pela sobrevivência indígena no país, o evento se justifica pela necessidade de interação entre acadêmicos, indígenas e sociedade civil na possibilidade de explorar a construção de entendimentos comuns a esses atores. O nome debates cosmológicos foi pensado a partir da reutilização da palavra “cosmos” feita por Latour (2016) na antropologia como “o arranjo de todos os seres que uma cultura particular reúne em formas de vida prática” (LATOUR, 2016, p. 117), o que inclui seres diversos como pessoas, espíritos, astros, deuses, plantas, animais, parentes etc. A proposta de Latour é remontar o social a partir das associações de conveniência, de coexistência, de oposição e de exclusão entre seres humanos e não humanos que possibilitam esses seres existirem em dadas condições. A ideia da discussão das cosmologias é evidenciar a história das ações/agências que culminam em determinado registro social, seja ele o turismo xamânico ou o xamanismo nas cidades. No mundo atual em que as visões das ciências se multiplicam e no qual o peso da argumentação “cientifica” é questionada, os registros cosmológicos evocam a história das ações sem recorrer as oposições lógicas entre racional e irracional, sistemático e assistemático, moderno e arcaico. Isso ocorre porque, segundo Latour (2016), vivemos em um mundo em que milhares de militantes, pessoas interessadas, amadores, aficionados, especialistas autodidatas bem como chefes de estado e pesquisadores que podem intervir e opinar em debates públicos todos os dias, principalmente por meio das novas redes sociais e dos blogs. Isso sem falar nas fake news e toda uma quantidade infindável de informações que atuam diretamente nos debates públicos e questionam o registro das “verdades cientificas”. Cada dia mais as “verdades” são mais difíceis de rastrear e, por isso, é necessário um complexo sistema de buscar a verificação dos discursos, opiniões, dados que temos acesso todos os dias. O papel dos especialistas se torna definir e divulgar registros científicos confiáveis para qualificar o debate público, especialmente os debates que envolvem atores em condições políticas assimétricas e desfavoráveis em relação aos discursos dominantes.

Beneficiário
indígenas, comunidades acadêmica e comunidade externa