O QUE É PRECONCEITO LINGUÍSTICO?

Apresentação
O projeto de extensão O que é preconceito linguístico? é proposto para concorrer a bolsas no Edital PRPPG 16/2022 – chamada para submissão de propostas ao programa institucional de bolsas de iniciação científica para o ensino médio do CNPQ – PIBIC-EM/CNPQ. Este projeto tem por objetivo divulgar, entre discentes do ensino médio e em parceria com escola pública da cidade de Alfenas, conhecimento científico da área de sociolinguística, especificamente sobre variação linguística, linguagem inclusiva e preconceito linguístico.

Objetivos
1. conhecer a sociolinguística como ciência; 2. compreender conceito de língua e de variação linguística; 3. estudar linguagem inclusiva; 4. reconhecer e identificar manifestações de preconceito linguístico; 5. fomentar e divulgar estudos na área; 6. produzir podcasts sobre os temas selecionados para divulgação ao público adolescente.

Justificativa
O tema variação linguística é contemplado na Base Nacional Comum Curricular para o ensino médio (BRASIL, 2017) ‒ BNCC ‒ sendo fundamental para formação de jovens. Compreender que a língua portuguesa não é única e que existem variedades que são socialmente consideradas de maior prestígio, enquanto outras são estigmatizadas pode levar os estudantes a combater o preconceito linguístico contra as formas menos prestigiadas (faladas pelas pessoas mais pobres e marginalizadas da população brasileira). A competência 4, da BNCC, por exemplo, propõe Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como respeitando as variedades linguísticas e agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza. (BRASIL, 2017, p. 486). Essa competência aponta para a necessidade de os jovens compreenderem a língua, não só do ponto de vista formal, mas também como fenômeno marcado pela “heterogeneidade e variedade de registros, estilizações e usos muito variados de outras línguas em âmbito global, respeitando o fenômeno da variação linguística, sem preconceitos.” (BRASIL, 2017, p. 486). Faz-se essencial compreender porque algumas variedades são estigmatizadas e, ainda, pensar no respeito às variedades linguísticas para combater formas de preconceito. Nesse sentido, com a execução desse projeto, os adolescentes terão a oportunidade de pensar a língua a partir de seus diversos campos de atuação social. Assim, por meio deste projeto, os jovens poderão compreender o que é variedade linguística, bem como o que é e como se manifesta o preconceito linguístico. Já a linguagem inclusiva, ainda combatida por alguns grupos, tem sido negligenciada como fenômeno a ser estudado e debatido nas escolas. Para André Fisher (2020), a linguagem inclusiva tem relação com um uso mais consciente e responsável da linguagem, ou seja, “Falar e escrever tomando cuidado ao escolher palavras que demonstrem respeito a todas as pessoas, sem privilegiar umas em detrimento de outras.” (FISCHER, 2020, p. 5). A linguagem inclusiva prevê o uso da linguagem de forma a viabilizar a representação de diversas identidades. Até o momento, o que tem prevalecido é o posicionamento político bastante extremista de grupos de direita na tentativa de proibir o uso e o ensino de linguagem inclusiva em escolas (Projeto de Leira N.º 5.198/2020; Projeto de Lei Nº 54/2021, e muitos outros). Para esse grupo, a linguagem inclusiva tem relação com a “ideologia de gênero”, concepção extremista e negacionista dos estudos de gênero. Diante disso, faz-se urgente e importante para a juventude compreender os termos linguagem neutra, linguagem inclusiva, linguagem não sexista e linguagem não-binária para, então, se posicionar diante desse fenômeno sociolinguístico e diante de posicionamentos extremistas. Nesse contexto, uma discussão mais acadêmica e científica sobre o tema tampouco chega às escolas e à juventude. Assim, este projeto, além da conscientização sobre variedade linguística, busca do mesmo modo contribuir para a divulgação do conhecimento elaborado sobre essas temáticas, de modo que os adolescentes possam participar de forma ativa nessa tarefa comunicativa. Dessa forma, levará estudantes do ensino médio à reflexão sobre o conteúdo e, também, sobre a adequação da linguagem em situação comunicativa específica. O preconceito linguístico é mais uma entre as várias formas de preconceito em relação às pessoas mais pobres e marginalizadas da população brasileira. Ter consciência disso pode levar a juventude a posicionar-se de forma mais crítica em relação à língua e à sociedade.

Beneficiário
Adolescentes estudantes do 1º ano do ensino médio, matriculados em escola pública da cidade de Alfenas. Além desse público, toda a comunidade escolar onde o projeto for executado será beneficiária dos seus resultados.