RÁDIO MALÊS

Apresentação
O racismo evidenciado nos indicadores socioeconômicos também se reflete na produção literária e científica. Buscando incentivar uma postura cidadã antirracista para a promoção da justiça racial e difundir o pensamento decolonial, este projeto tem como objetivo promover encontros periódicos, que por conta da pandemia do vírus COVID-19 se darão online via plataforma Google Meet, para discutir obras ou textos enunciados por corpos-políticos negros a fim de construir coletivamente um saber relacionado a temas caros à negritude e sobre a população negra. A Rádio Malês se caracteriza por rodas de conversa mensais, online devido a pandemia do vírus COVID-19, temáticas para construção de saber compartilhado sobre questões raciais no Brasil entre professores, convidados, representantes da sociedade civil e do movimento negro de Varginha, alunos e comunidade externa.

Objetivos
Pretende-se especificamente: (i) disponibilizar aos inscritos um arcabouço teóricometodológico de temáticas étnico-raciais, sob a luz do pensamento decolonial; (ii) realizar periodicamente discussões sobre os temas propostos, instigando os participantes a terem pensamentos críticos sobre os marcos teóricos que circulam na Academia, que não levam em conta textos de autores negros; (iii) incentivar os participantes a construírem interrelações com artigos científicos e bancos de dados, tendo potencial de desdobramento em possíveis pesquisas de conclusão de curso (TCC e TCP).

Justificativa
O pensamento decolonial vem denunciar a colonialidade arraigada nos países subdesenvolvidos, buscando a sua superação de forma crítica. A colonialidade é o efeito da colonização empreendida pelos Estados Modernos do ocidente europeu, manifestado na perpetuação deste domínio através da difusão do paradigma europeu após a independência política das ex-colônias. Compreendendo que a forma de pensar e a produção de conhecimento está sujeita ao “olhar do colonizador”, o pensamento decolonial se faz importante na medida que desperta o olhar para a posição subalternizada e permite compreender que o saber dos povos nativos e diaspóricos é legítimo. Segundo Costa e Grosfoguel (2016), o projeto decolonial se distingue pela produção de conhecimento e narrativas a partir de loci geopolíticos e corpospolíticos de enunciação. Nesse sentido, a leitura e reflexão de obras produzidas por autores negros (latinos, caribenhos, africanos e estadunidenses) dentro da Unifal-MG e em conjunto com a comunidade contribui no processo de difusão e legitimação das vozes negras no espaço acadêmico. Compreender a perspectiva negra sobre o racismo e seus desdobramentos é essencial para seu combate efetivo e para elaboração de políticas públicas emancipadoras, pois os negros intelectuais pensam a posição do negro na sociedade a partir do lugar epistêmico de negro, que lhe confere sensibilidade para perceber a realidade que o atinge.

Beneficiário
Estudantes da Unifal-MG, população de Varginha e sociedade civil.