PRODUÇÃO DE BIODIESEL EMPREGANDO ROTAS ALTERNATIVAS E ÓLEO DE FRITURA COMO MATÉRIA-PRIMA

Apresentação
Durante os últimos duzentos anos o homem preocupou-se apenas em promover a industrialização como forma de melhorar o padrão de vida da humanidade, sem se preocupar com os possíveis impactos negativos sobre o meio ambiente advindos de tal atividade industrial desenfreada. Contudo, o equilíbrio do meio ambiente depende nossa sobrevivência como espécie e sendo assim, um dos desafios que se colocam para as atuais gerações é como promover o crescimento e desenvolvimento econômico sem destruir ainda mais o meio ambiente. A busca por alternativas renováveis introduz o biodiesel como provável substituto ao diesel provindo do petróleo. A proposta deste projeto está alinhada com o atual Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) alavancado pelo Governo Federal Brasileiro, mas possui com como diferencial o emprego da tecnologia enzimática que possibilita uma rota mais limpa, não agressiva ao meio ambiente e tecnologicamente mais avançada do que a rota química, atualmente utilizada nas unidades de produção de biodiesel no país. A escolha da matéria-prima a ser utilizada, o óleo residual de fritura, é também um avanço frente às atuais unidades produtoras de biodiesel, pois este é um resíduo de disponibilidade nacional e de baixo custo. Dessa forma, espera-se que a execução do presente projeto possa contribuir para desenvolvimento do pensamento crítico, associado à mudança de hábitos visando o desenvolvimento de energia limpa para a proteção ao meio ambiente, promovendo o desenvolvimento humano e impactando na melhoria da qualidade de vida da população do Sul de Minas Gerais.

Objetivos
O objetivo geral da presente proposta é a produção de biodiesel de forma limpa e acessível para que ele possa ser utilizado em substituição ao diesel, empregando o óleo residual de fritura como matéria-prima em rotas alternativas à catálise química básica. Essa abordagem também visa evitar que o processo gere resíduos tóxicos ou agressivos ao meio ambiente, diminuindo os custos de produção e auxiliando a dar um destino ao óleo residual, evitando seu descarte incorreto que pode levar a poluição do meio ambiente, fomentando maior conscientização ambiental quanto à destinação destes resíduos e sobre a importância da geração de energia limpa.

Justificativa
O óleo diesel, que é um dos derivados do petróleo, corresponde atualmente a quase 41% de todo o petróleo consumido no Brasil. O diesel é amplamente utilizado como combustível em motores de veículos, sendo o setor de transporte um dos principais setores de sua utilização. Por este motivo a possibilidade de substituir o diesel por um biocombustível, como o biodiesel é tão atrativa, pois significaria um impacto de grande efeito. Outras vantagens que também podem ser consideradas importantes, que estão associadas à substituição do diesel pelo biodiesel são: A produção deste é realizada através de fontes renováveis, biodegradáveis e menos tóxicas do que o diesel obtido do petróleo. Comparado ao diesel, o biodiesel possui um melhor desempenho no processo de combustão pelo motor, gerando uma menor emissão de monóxido de carbono e de partículas decorrentes da combustão incompleta dos hidrocarbonetos. As propriedades físico-químicas do biodiesel são muitos semelhantes ao diesel, o que permite o seu emprego diretamente nos motores a diesel, sem que nenhuma modificação mecânica tenha que ser realizada. Desta forma, justifica-se o crescente interesse do governo brasileiro pela produção em escala deste biocombustível no país. A proposta do governo para a produção do biodiesel foi lançada em dezembro de 2004 com o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Assim, foram construídas usinas que utilizam em sua imensa maioria o processo de transesterificação com utilização de um catalisador químico alcalino e óleo de soja refinado para a produção de biodiesel. Porém, neste tipo de processo surgem problemas nas operações subsequentes para a purificação do biodiesel, incluindo a separação do catalisador e do álcool não reagido do biodiesel. A remoção deste catalisador químico envolve muitas complicações e o biodiesel gerado requer muitas lavagens para atingir a pureza necessária, encarecendo o preço do produto final. Ainda, a rota adotada para produção do biodiesel (trasesterificação alcalina) exige que os óleos utilizados sejam refinados, pois as impurezas e água presentes nos óleos não refinados faz com que haja a produção de sabões inviabilizando a síntese do biodiesel. Assim, sendo o óleo de soja refinado utilizado como matéria-prima na maioria das usinas do país, existe uma competição entre o setor energético com o alimentício elevando o preço do óleo de soja refinado, encarecendo ainda mais o valor final do biodiesel produzido e também o preço do óleo de soja no mercado interno varejista (supermercado). Dessa forma, a proposta deste projeto corrobora com a proposta do Governo Federal, mas possui uma visão diferenciada no que tange a tecnologia do processo de produção do biodiesel e em relação à matéria-prima empregada. A atual proposta visa à produção do biodiesel por rotas alternativas limpas (hidroesterificação e/ou transesterificação enzimática), que não agridam ao meio ambiente fazendo uso de um resíduo como matéria-prima – o óleo de soja residual. O presente projeto de extensão em interface com a pesquisa visa à participação ativa da sociedade, na discussão de temas de relevância atuais, na busca por alternativas e implementação de ações transformadoras, gerando um impacto altamente positivo para a região do Sul de Minas Gerais em termos de desenvolvimento tecnológico, humano e econômico, proteção ao meio ambiente, na geração de energia limpa, impactando na qualidade de vida da população de uma forma geral.

Beneficiário
Os benefícios à sociedade a serem gerados por meio da execução do presente projeto de extensão em interface com a pesquisa incluem a preparação direta de um grupo de 162 jovens para lidarem com os desafios das alterações climáticas e produção de energia sustentável (biodiesel), além de incentivá-los a darem continuidade em sua formação pelo ingresso nos cursos de graduação da universidade. A discussão junto a sociedade de temas importantes que veem impactando o nosso planeta e ações possíveis de serem tomadas em relação à mudança global do clima e a produção de energia limpa e sustentável. Publicação dos resultados obtidos em meios de divulgação científica e congressos. A formação acadêmica dos 04 alunos de graduação do curso de Biotecnologia da UNIFAL no projeto e de 01 discente da pós-graduação do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UNIFAL. O equipamento adquirido ficará a disposição para ser utilizado pela comunidade acadêmica em outros projetos de pesquisa e/ou pesquisa em interface com extensão, contribuindo para melhorar a infraestrutura da universidade, e uma vez que este será o único cromatógrafo a gás de chama presente nos dois campi da UNIFAL de Alfenas.