PROGRAMA DANDARA (DESENVOLVENDO AÇÕES NEGRAS, DECOLONIAIS E ANTIRRACISTAS) - 2024

Apresentação
O programa de extensão DANDARA (Desenvolvendo Ações Negras, Decoloniais e AntiRracistas) - 2024 da UNIFAL-MG é composto pelos projetos Rádio Malês e Malungos, e pelo evento A coisa ficou Preta, a coisa ficou Boa!. Neste programa, busca-se (i) promover o despertar da consciência sobre o pensamento colonial e uma introdução ao pensamento decolonial; (ii) difundir a produção literária (acadêmica, técnica e cultural) de autores negros e/ou temáticas de interesse da população negra e de outras minorias sociais; (iv) difundir os atores sociais negros de impacto; (iii) difundir a cultura afro-brasileira; e (iv) dar visibilidade aos diferentes conhecimentos sobre a história da escravidão na região sul de Minas Gerais. Desde a sua primeira edição em 2021, o programa desenvolve, com o apoio de diferentes parcerias (internas e externas), atividades que buscam despertar e fomentar um pensamento decolonial e a prática antirracista, e tem se consolidado através de práticas educacionais e dialógicas.

Objetivos
Tem-se como objetivo geral, trabalhar e discutir a educação das relações étnico-raciais na universidade e na comunidade local e regional. Especificamente, pretende-se: (A) no Projeto Rádio Malês, (i) difundir a leitura e discussão de obras de autores negros sobre o racismo e temáticas correlacionas junto à APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) masculina de Alfenas-MG e junto ao COMPIR (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial) de Varginha-MG; (ii) difundir a Exposição "Orgulho e ancestralidade: exaltação da mulher negra" em diferentes instituições públicas da cidade e região e paralelamente criar, junto às escolas públicas, uma exposição que promova as mulheres negras de Varginha com o apoio da Biblioteca Pública e do COMPIR (subordinados à Fundação Cultural); e (iii) difundir a luta e arte capoeira na universidade junto à comunidade escolar da E.E. São Sebastião; (B) no Projeto Malungos, promover encontros e debates para recuperar e divulgar a memória da escravidão na região do sul do estado de Minas Gerais no final do século XVIII e no século XIX; e (C) no Evento A coisa ficou Preta, a coisa ficou Boa!, recepcionar os estudantes calouros no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e aproximar dos estudantes do ensino médio para desmistificar, divulgar e debater a relevância das políticas afirmativas, especialmente, as cotas raciais. Para além destas ações componentes, o programa (assim como na última edição) irá colaborar com outras iniciativas correlacionadas em outras instituições e com os eventos institucionais da própria UNIFAL-MG, como o Mês da Consciência Negra e o UNIFAL-MG para Você.

Justificativa
A colonialidade afetou as experiências vividas no decorrer da colonização e seus impactos na cultura, produção de conhecimento e no exercício do poder são notados até hoje. Ela afeta a auto imagem e se entranha na construção das relações sociais promovendo o apagamento da cultura e do conhecimento dos povos originários e dos povos escravizados no decorrer de nossa história e os seus reflexos são vistos na sociedade em geral e na própria academia. Trabalhar a ruptura com a colonialidade passa pela ideia do rompimento da diferenciação natural entre os sujeitos, que rejeita a ideia de raça e do exercício de poder via estabelecimento de privilégios para branquitude que passa pela construção do saber apenas como espelho eurocêntrico (MALDONADO-TORRES, 2007). Essas estruturas de poder são observadas na forma de produção e apropriação do conhecimento dos povos colonizados se apresentando como uma forma geopolítica de produção do conhecimento e consequentemente de exercício de poder. A partir daí tem-se uma socialização e produção cultural e intelectual marcada pelo eurocentrismo, que usa métodos e reproduz visões de mundo da Europa. Sendo essa perspectiva imposta também pela academia, cabe, assim, uma crítica vinda de dentro dos muros da universidade, no sentido de decolonizar o modo estruturante e estruturado do pensamento, somando esforços, dessa maneira, às ações antirracistas. Na perspectiva de construir coletivamente um enfrentamento ao pensamento colonial, corroborando a RESOLUÇÃO Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004 do Conselho Nacional de Educação (que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana) e a LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010 (que institui o Estatuto da Igualdade Racial), um dos mecanismos práticos é difundir a produção cultural e literária de origem afro-brasileira, africana e das pessoas negras, quilombolas ou não. Nesse sentido, a história não pode ser contada apenas a partir de um ponto de vista, de acordo com Djamila Ribeiro (2019), pois “é danoso que, numa sociedade, as pessoas não conheçam a história dos povos que a constituíram” (RIBEIRO, 2019, p.65). Adichie (2019), afirma que "o perigo de uma história única" é incorrer em desumanizar o outro e impossibilitar a alteridade. Por conta disso, há necessidade de dar voz e visibilidade para esta produção, além de discutir o contraponto que se levanta ao conhecimento eurocentrado. Assim, diferentes perspectivas trazem contribuições importantes à produção cultural e intelectual e combatem o apagamento epistemológico das minorias sociais.

Beneficiário
População local de forma geral, membros da sociedade civil organizada, instituições da cidade e região, além da própria comunidade universitária.