DIMENSÕES AFRICANAS NOS RECURSOS DIDÁTICOS

Apresentação
Em 2024, o projeto Dimensões africanas nos recursos didáticos tem como objetivo pesquisar cosmologias africanas e afrodescendentes para produzir recursos didáticos voltados a um público escolar por meio de plataformas digitais como o Instagram, Youtube, entre outros. Além disso, pretendemos que a continuação destas atividades engaje membros da comunidade negra da cidade de Poço Fundo, parceira da atual proposta. Vincularemos ainda todas as ações ao Programa Laboratório de História Pública da UNIFAL-MG.

Objetivos
• Recolher e estudar tradições orais, entendidas aqui como narrativas de origem dos grupos, causos, canções, advinhas, orações, entre outras expressões da oralidade, das comunidades negras sulmineiras, em especial, do município de Poço Fundo; • Estudar materiais bibliográficos, literários, orais e audiovisuais que divulgam temáticas africanas e afrodescendentes e que contribuam para a produção dos recursos didáticos a partir da recolha das tradições orais na comunidade negra de Poço Fundo; • A partir dos estudos e da recolha das tradições orais, produzir textos escritos e materiais em áudio e vídeo, como podcasts e documentários, que, entendidos como recursos didáticos, serão compartilhados em blog e contas de redes sociais como Instagram e Youtube, criados especialmente para este fim; • Produzir conhecimento histórico a respeito das cosmologias africanas e afrodescendentes e contribuir com o fortalecimento da educação das relações étnico-raciais; • Realizar apresentação em evento acadêmico e publicação de artigo em livro e/ou em revista de extensão, ensino e pesquisa; • Vincular as ações do Projeto Dimensões africanas nos recursos didáticos ao Programa Laboratório de História Pública.

Justificativa
Há duas décadas, as leis 10.639/03 e 11.645/08 representam um passo extremamente importante para a democratização do ensino na sociedade brasileira. Fruto de um longo processo de luta social dos movimentos negro e indígena, os dispositivos legais ressaltaram a importância de os estudantes da educação básica conhecerem narrativas históricas específicas e não eurocêntricas e reconhecerem as contribuições sociais, políticas, econômicas e culturais dos afrodescendentes e dos indígenas para a formação do nosso país. Deste modo, foi criada uma demanda pelo conhecimento dessas temáticas em todas as instâncias educacionais de ensino: desde a educação básica até a formação inicial e continuada de professores. Debates conceituais e estudos sobre seleção de temas, formas de abordagem, produção e utilização de materiais e recursos didáticos são exigências de ordem teórico-metodológica que têm avançado, mas que ainda representam desafios para os profissionais da área da educação. Especificamente com relação aos estudos africanos e à educação étnico-racial, os campos têm crescido no Brasil com a criação de novas disciplinas nos cursos de graduação, atividades de pesquisa e extensão, cursos de pós-graduação stricto e lato sensu e de curta duração, além de associações e eventos especializados e uma produção didática e paradidática crescente “sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros educacionais do MEC – Programa Nacional do Livro Didático e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE)” (BRASIL, 2004, p. 15). Precisamente refletindo a respeito dessa produção didática que ampliamos a atual proposta, em relação aos anos anteriores, visando contribuir com a produção de recursos didáticos a serem disponibilizados em blog e em conta do Instagram e realizando atividades que podem ser feitas em modo remoto e presencial por discentes da UNIFAL-MG junto aos membros da comunidade negra da cidade de Poço Fundo. Segundo o Parecer CNE/CP 003/2004, que organizou as diretrizes curriculares relacionadas aos conteúdos africanos e afrodescendentes, materiais diversos, como os bibliográficos, literários, orais e audiovisuais, entre outros, e que veiculam tradições orais destas populações, podem ser encarados como potenciais recursos didáticos, ao serem utilizados a partir de uma “abordagem plural da cultura e diversidade étnico-racial da nação brasileira” e com o objetivo de corrigir “distorções e equívocos em obras tradicionais”, publicadas anteriormente. (BRASIL, 2004, p. 15). Portanto, o trabalho com estes materiais justifica-se pela tentativa de contribuir com a produção de conhecimento da história da África, dos afro-brasileiros e dos ameríndios e com o desenvolvimento de “pedagogias de combate ao racismo e às discriminações”, no dizer da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (BRASIL, 2004, p. 7-8). Além disso, a atual proposta também se justifica pela experiência acumulada pelo projeto Dimensões africanas que, entre os anos de 2012 e 2023 (com exceção de 2015, por conta do afastamento da coordenadora do projeto para finalização do doutorado), desenvolveu diversas atividades de pesquisa e de ensino com estudantes da UNIFAL-MG e agentes de diferentes instituições educacionais de Alfenas, as quais propiciaram também a produção de pesquisas de iniciação científica e de trabalhos de conclusão de curso, além de participação em eventos acadêmicos, premiações e publicações de artigos. Estas produções anteriores, portanto, propiciaram uma experiência que justifica a atual proposta de produção de recursos didáticos a serem disponibilizados em plataformas digitais. Nesta perspectiva, a atual proposta se integra também aos debates e preocupações dos especialistas do campo da História Pública. Neste caso, a produção do conhecimento histórico em espaços acadêmicos e não acadêmicos, a partir de análise de materiais diversos e de produção e reprodução de recursos didáticos na internet. Por fim, justificamos a proposta pelo potencial de troca de conhecimento e experiências entre estudantes da UNIFAL-MG e de agentes sociais das comunidades negras sulmineiras e, em especial, da cidade de Poço Fundo, no trabalho direto com os materiais diversos, que, por conseguinte, favorecerá a produção de conhecimento histórico e social em conformidade com as diretrizes da Extensão Universitária, conforme explicado a seguir nos campos específicos.

Beneficiário
Estudantes de História da UNIFAL-MG, membros das comunidades negras sulmineiras e público geral consumidor de redes sociais. A quantidade de beneficiários relacionada abaixo refere-se a uma estimativa que considera também a potencialidade de alcance das redes sociais.