Resumo: | Ensino de Matemática no Cursinho Êxito: estratégias e desafios durante o
isolamento social
Rafaela de Oliveira Alves
rafaelaoliveira.alves@sou.unifal-mg.edu.br
UNIFAL-MG, Alfenas, MG
Ronaldo André Lopes
ronaldo-1109@hotmail.com
UNIFAL-MG, Alfenas, MG
Andréa Cardoso
andrea.cardoso@unifal-mg.edu.br
Departamento de Matemática/UNIFAL-MG, Alfenas, MG
José Carlos de Souza Júnior
jose.souza@unifal-mg.edu.br
Departamento de Matemática/UNIFAL-MG, Alfenas, MG
Palavras-chave: Aprendizagem Matemática; Ensino Remoto; Estratégias de Ensino; Cursinho Popular;
TDIC.
Introdução
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998, com o objetivo de avaliar o
desempenho dos estudantes brasileiros ao final o Ensino Médio (BRASIL, 2015). Com realização anual, o
ENEM é utilizado pela maioria das universidades brasileiras como critério para a seleção de estudantes que
almejam ingressar em universidades e instituições de ensino superior. Atualmente, cerca de 130 instituições
públicas utilizam os resultados do exame para o processo seletivo através do Sistema de Seleção Unificada
(SISU), além de universidades privadas que consideram tais resultados para o ingresso através do Programa
Universidade para Todos (PROUNI) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES).
Considerando a demanda de estudantes de escolas públicas e de baixa renda ingressantes no ensino
superior, bem como a expansão neste nível de ensino, surgem os cursinhos populares. Resultado da
reivindicação da sociedade civil, a partir da década de 1990 há uma crescente demanda por cursinhos
preparatórios que promovam o acesso e diminuição das desigualdades no ensino superior brasileiro
(ROSEMBERG, 2009).
Comumente, os cursinhos populares realizam suas atividades em universidades públicas ou em outros
espaços, com parcerias institucionais públicas ou privadas. Entretanto, com o cenário do isolamento social
durante a pandemia da Covid-19 foi necessário o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas para o ensino
e aprendizagem nestes projetos, inclusive na área de Matemática e suas Tecnologias. Durante este período
ficou evidente e se tornou comum o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs)
como ferramentas auxiliares no desenvolvimento e aplicação das aulas e atividades online.
Durante as atividades do Cursinho Preparatório para o Enem, programa de extensão gratuito oferecido
à comunidade, foram observadas diversas dificuldades no ensino e aprendizagem dos estudantes e docentes.
Neste cenário, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de uma professora de Matemática participante
do projeto durante o isolamento social apresentando a forma como as atividades e aulas foram executadas e as
observações realizadas neste contexto.
Materiais e Métodos
O Cursinho Popular Êxito é componente do Programa de Extensão Curso Preparatório para o ENEM,
que ocorre anualmente na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). O Cursinho Êxito é ofertado
gratuitamente na sede da universidade, em Alfenas, visando atender estudantes egressos e concluintes do
ensino médio em escolas públicas e pessoas de baixa renda. O programa extensionista também possui projetos
nos campus da UNIFAL-MG em Varginha e Poços de Caldas. Como critério para a seleção de estudantes,
considera-se a escolaridade, renda, idade e ano de conclusão do Ensino Médio.
Em 2022, devido às condições impostas pela Pandemia de Covid-19, considerando o isolamento social,
o Cursinho Popular Êxito foi desenvolvido em formato remoto. As atividades educacionais, com intuito de
elevar as chances dos estudantes de ingressar no Ensino Superior, abrangem as cinco principais áreas do
ENEM: Redação, Linguagens e Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
Ciências Humanas e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, sendo a última o foco do presente
trabalho.
Nesta edição do projeto, estavam matriculados 198 estudantes, sendo 87% deles com idade entre 16 e
21 anos. As atividades da área de Matemática e suas Tecnologias foram executadas durante oito meses, por
três bolsistas de cursos diversos que atuavam como professores de Matemática. As aulas teóricas eram
disponibilizadas em gravação e as atividades aplicadas também, utilizando o Google ClassRoom, Google
Forms e YouTube, Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) amplamente utilizadas
durante o isolamento social no Ensino Básico.
Resultados e Discussão
O uso de tecnologias digitais no ensino se apresenta como uma estratégia utilizada há alguns anos.
Todavia, os professores e estudantes ainda enfrentam desafios como a falta de acesso a equipamentos ou a
internet de qualidade, o que influencia diretamente no processo de ensino-aprendizagem. Como o público-alvo
do projeto são estudantes oriundos de escola pública, isso implica que há uma dificuldade ainda maiores em
atingir o objetivo do projeto, já que muitos são economicamente menos favorecidos. Cabe ressaltar que, assim
como as demais áreas, o resultado em Matemática é importante para aumentar as chances de acesso ao ensino
superior (LOPES; CARDOSO, 2020).
Além disso, os professores também enfrentam desafios no que tange a aprendizagem na utilização das
ferramentas disponíveis de forma eficaz para o ensino, o que demanda tempo e aprofundamento de
conhecimentos. O ensino remoto, ademais, diminuiu o contato direto entre docentes e estudantes, afetando o
interesse e a intenção deles em relação às aulas e atividades, dificultando, também, a identificação das lacunas
na aprendizagem. Este resultado corrobora o estudo de Scalabrin e Mussato (2020).
Conclusões
Concluímos que, apesar do desenvolvimento de novas estratégias de ensino e o do uso das TDICs
durante o isolamento social, ainda são persistentes as dificuldades vivenciadas por estudantes pertencentes a
grupos menos favorecidos que intencionam ingressar à universidade.
Agradecimentos
Agradeço ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), à Universidade
Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), à Pró-reitoria de Extensão (PROEX – UNIFAL-MG) e ao Projeto
Cursinho Popular Êxito.
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código do Financiamento 001.
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