Resumo: | Introdução. A postura pélvica é mantida pela ação equilibrada dos músculos abdominais, dos extensores vertebrais e do quadril. Quando esses grupos musculares se encontram enfraquecidos para fixar e manter a posição da cintura pélvica, ocorrem os desequilíbrios pélvicos, sendo que alguns autores têm citado a existência de relação entre alterações no posicionamento da pelve e a predisposição de disfunções miccionais. Diante disto, alguns estudos demonstraram que técnicas terapêuticas com enfoque na reeducação pélvica apresentaram-se favoráveis ao tratamento de mulheres com incontinência urinária. O objetivo foi investigar o efeito de um protocolo de treinamento pélvico sobre a força dos músculos do assoalho pélvico (MAP), posicionamento pélvico e flexibilidade dos músculos da cadeia posterior. Material e Métodos. Estudo clínico prospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (44675415.1.0000.5142). Participaram do estudo 17 mulheres continentes (idade média de 22,9 anos e Índice de Massa Corpórea de 22,5 kg/cm2), as quais foram submetidas a três exames, antes e após cinco semanas da realização do protocolo de treinamento, sendo eles: (1) Palpação digital: para avaliar a força dos MAP, graduando-a de acordo com a Escala Modificada de Oxford [1]; (2) Fotogrametria: para avaliar o ângulo de báscula pélvica e definir a postura pélvica da participante como anteversão ou retroversão e (3) Teste de flexibilidade dos músculos da cadeia posterior: realizado por meio do banco de Wells e graduada em centímetros. O protocolo de treinamento era composto por exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos do recinto abdominopélvico, intercalados por exercícios de contração rápida e lenta dos MAP. O protocolo foi realizado sob supervisão de fisioterapeuta, com duração de 60 minutos e frequência de duas vezes semanais, totalizando 10 sessões. Para análise estatística foram utilizados os testes t e qui-quadrado, adotando-se índice de significância de 5%. Resultados. Verificou-se aumento significativo na força dos MAP (p=0,016) e flexibilidade da cadeia posterior (p=0,01; power=0,802; tamanho do efeito=0,269), após o treinamento. Entretanto, não houve diferença estatística significativa no posicionamento pélvico antes e após o treinamento (p=0,86; power=0,8; tamanho do efeito=0,034). Discussão. Segundo Martins e colaboradores (2008) [2] a reeducação postural global (RPG) induziu uma melhora significativa em mulheres que apresentaram sintomas de incontinência urinária, pressupõe-se assim que uma pelve bem posicionada possa propiciar um adequado comportamento dos músculos do assoalho pélvico favorecendo suas funções. Apesar deste estudo ter sido realizado em mulheres continentes, os resultados corroboram no sentido que após a realização do protocolo foi verificado uma diferença na força dos MAP. O estudo obteve resultados preliminares devido ao número de amostra pequeno e a sua continuação ainda se faz necessária para comprovar a hipótese de que o protocolo apresentado possa promover também a reeducação da postura pélvica. Conclusão. O protocolo de treinamento pélvico proposto promoveu melhora da força dos MAP e da flexibilidade dos músculos da cadeia posterior de mulheres continentes. A continuação do estudo faz-se necessária para elucidar seu efeito sobre o posicionamento pélvico. |