CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE MEMBRANAS BICOMPÓSITAS DE FIBRAS NATURAIS
Resumo:Há uma crescente utilização de materiais lignocelulósicos como reforço em compósitos de matrizes poliméricas. O interesse na utilização das fibras vegetais está relacionado ao seu baixo custo, por serem um recurso renovável e apresentarem densidade menor do que as fibras de vidro. O presente trabalho tem como objetivo estudar o comportamento térmico de compósitos poliméricos reforçados com fibras vegetais através de métodos térmicos de análises (TG/DTA/DTG/DSC). As membranas biocompósitas foram produzidas utilizando o polímero policloreto de vinila (PVC) como matriz e reforçados com 45% (m/m) de fibras vegetais, sendo essas, coco (Cocos nucifera), bagaço de cana-de-açúcar (Saccharum L.), bucha vegetal (Luffacyllindrica) e casca de pequi (Caryocar brasiliense). As análises térmicas foram realizadas com as membranas biocompósitas, membrana de PVC e fibras vegetais in natura (virgem) em um equipamento NETZSCH STA 449F3, com a massa de 5,0-6,0 mg, em atmosfera de nitrogênio, na faixa de temperatura entre 30ºC-1000ºC com uma taxa de aquecimento de 10ºC/min. Observou-se que os biocompósitos (PVC-fibras vegetais) apresentaram comportamentos térmicos muito semelhantes à membrana de PVC. Entretanto, a membrana de PVC apresenta maior estabilidade térmica quando comparado as membranas biocompósitas, devido a perda de água desses materiais. Na faixa de degradação de 210ºC a 390ºC, ocorre sobreposição da decomposição dos componentes das fibras naturais (hemicelulose e celulose) [1], com a degradação do PVC, correspondendo a desidro-halogenação [2]. Essas ocorrências correspondem à maior faixa de decomposição das membranas sintetizadas, gerando perdas de massas de 50% para os biocompósitos de bucha e pequi, 58% para a membrana de cana, 54% e 55% para as membranas de coco e PVC, respectivamente. O terceiro estágio de degradação tem início próximo a 390ºC e corresponde à degradação das ligações da cadeia principal do polímero de PVC, com a formação de hidrocarbonetos aromáticos e grupos funcionais alquilo [2]. As perdas de massas neste evento foram de 13% na membrana de PVC, 18%, 19%, 26% e 22% nas membranas com coco, cana, pequi e bucha, respectivamente. Após 400 ºC observa-se também uma contínua perda de massa nas membranas biocompósitas, principalmente nas membranas de coco e pequi, associado à degradação da lignina, que é um processo complexo, principalmente por envolver muito componentes com diferentes vias de decomposição. Um dos motivos da lignina ter uma faixa tão ampla de degradação deve-se a diferentes estabilidades térmicas dos vários grupos funcionais de oxigênio presentes em sua estrutura, fazendo com que suas cisões ocorram em diferentes temperaturas [1]. A presença das fibras nas membranas aumentou a massa residual das membranas de 9% na membrana de PVC para 11-17% para as membranas biocompósitas.
Referência 1:PG - Engenharia Química