Resumo: | Nossa pesquisa tem por objetivo proporcionar uma reflexão acerca da sexualidade das hispanorromanas do século I d.C, em diálogo com a Arqueologia. Utilizamos as spintrias, cultura material que tem suas funções específicas divergentes, podendo ter sido moedas, fichas de crédito ou de prostíbulos. Estas possuem cunhagem erótica e são provenientes do principado romano, são as fontes materiais que analisamos para observar os indícios do que haveria sido a sexualidade das mulheres na Hispânia neste período. Utilizamos como fonte documental os epigramas do hispano Marcial, para auxiliar na análise das fontes materiais, bem como outras bibliografias. Para o desenvolvimento da pesquisa, recorremos a uma abordagem multidisciplinar, na qual a iconografia é nosso instrumento de análise das spintrias, e a antropologia nos dá o suporte nas análises dos epigramas. Neste, pensamos numa perspectiva de hibridismo cultural de Peter Burke, para podermos compreender as matizes da sexualidade da hispanorromanas evidenciadas nas obras de Marcial. Após a coleta de dados, através do aporte teórico de micro-física do poder de Michael Foucault, tentaremos compreender qual o poder social dessas mulheres na sociedade hispânica do século I d. C. A função específica das spintrias em nossa pesquisa acaba configurando um aspecto secundário, já que o que nos interessa é a leitura imagética da mulher durante a cópula e seus indícios acerca da sua sexualidade. Observamos que por mais que as estas tenham tido funções determinadas, podemos refletir sobre a sexualidade feminina interrelacionando a cultura material imagética com as observações feitas por Marcial. Este, por mais que tenha sido romanizado e tenha morado em Roma parte de sua vida, possui traços culturais também estavam presentes na Hispânia romanizada. Percebemos também certo distanciamento do autor com alguns aspectos culturais romanos, que nos podem dar rastros de até que ponto houve uma hibridação cultural através de sua obra, nos dando mais detalhes sobre a sexualidade da mulher hispanoromana. Conclui-se que, apesar da pesquisa ainda estar em estágio embrionário, a partir dos dados coletados podemos constar que a mulher hispanorromana tinha uma sexualidade flexível, e em algumas ocasiões ela exercia durante a cópula o papel ativo. Esta relação de poder existente no ato sexual pode ser um indício do poder social feminino na sociedade hispânica. |