Resumo: | A doença de Chagas é uma doença parasitária causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma
cruzi. Desde a sua descoberta em 1909, a doença ainda representa um importante problema de saúde
pública em países endêmicos, especialmente nas américas do Sul e Central . Têm sido amplamente
descritos os benefícios do treinamento físico como modalidade não farmacológica complementar ao
tratamento de cardiopatias não infecciosas. Nesse contexto, foi investigado o efeito do treinamento físico
prévio à infecção pelo T. cruzi no manejo terapêutico doença de Chagas experimental (aprovação ética,
Universidade Federal de Viçosa, protocolo 30/2009). Foram utilizados ratos Wistar machos com 4
semanas de vida. Os animais foram divididos em 4 grupos compostos por 14 animais: Grupo 1:
Sedentário infectado; Grupo 2: Sedentários não infectados; Grupo 3: Treinados não infectados; Grupo 4:
Treinados infectados. Os animais dos grupos de treinamento realizaram um programa de corrida em
esteira ergométrica durante 9 semanas. Os animais infectados foram inoculados por via intraperitoneal
com 5000 formas tripomastigotas metacíclicas da cepa Y do T. cruzi. Após a infecção, os animais
permaneceram sem treinamento durante 9 semanas adicionais, para permitir a instalação e evolução da
cardiomiopatia chagásica. A presença de parasitas circulantes no sangue periférico foi avaliada
diariamente. Os resultados do presente estudo indicaram que o treinamento físico foi eficiente em
melhorar o desempenho físico e os níveis séricos das citocinas TNF-a, IFN-y e IL-6 de todos os animais
treinados. Após a infecção pelo T. cruzi, estudos prévios reconheceram o efeito imunomodulador do
treinamento físico, demonstrando que o exercício crônico aumenta o número de células
imunocompetentes circulantes, a distribuição proporcional de subpopulações de linfócitos e a função
destas células (CHAO et al., 1992; PEDERSEN et al., 2000a,b; SUGIURA et al., 2002).Os animais
treinados apresentaram redução da parasitemia, processo inflamatório cardíaco, conteúdo de fibras
colágenas no miocárdio e da oxidação de lipídios e proteínas no miocárdio. Tomados em conjunto, foi
possível concluir que o treinamento físico foi capaz de induzir adaptações protetoras para o hospedeiro, as
quais atenuaram a progressão e a severidade da cardiomiopatia associada à doença de Chagas
experimental. |