AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO TIPO CELULAR HOSPEDEIRO NA ATIVIDADE ANTI- TRYPANOSOMA CRUZI DE DIFERENTES FÁRMACOS IN VITRO
Resumo:Na ausência de tratamento etiológico eficaz para doença de Chagas, novas drogas são buscadas. Para tanto, há modelos de avaliação in vitro e in vivo. Em geral, não tem sido observada uma correlação entre a atividade anti-T.cruzi in vitro e in vivo de novos compostos; por outro lado, não tem sido bem discutida a influência do tipo celular hospedeiro nesses estudos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do tipo celular hospedeiro na atividade anti- T. cruzi de fármacos pertencentes a diferentes classes farmacológicas. Foram utilizadas as linhagens celulares H9c2 (oriunda de cardiomioblastos de ratos) e Vero (derivada de rim de embrião de macaco), cultivadas sobre lamínulas. Para avaliação da atividade tripanocida, as células foram infectadas com formas tripomastigotas da cepa Y de T. cruzi. Após 24 horas, o sobrenadante foi removido e meio de cultura fresco contendo diferentes concentrações de ravuconazol, fexinidazol-sulfona e benznidazol foi adicionado. Esses fármacos foram escolhidos por apresentarem reconhecida atividade anti-T.cruzi in vivo, sendo o benznidazol o fármaco de referência. Após 72 horas de incubação com as drogas, as células foram coradas pelo Giemsa e a seguir determinado o percentual de células infectadas nos diferentes grupos. Em cada experimento, células infectadas e na ausência de drogas foram utilizadas como controles positivos, o que permitiu o cálculo da percentagem de inibição da infecção para as diferentes concentrações dos fármacos. Esses valores foram utilizados para o cálculo da IC-50 (concentração que inibe em 50% o número de células infectadas) e para confecção das curvas de dose resposta, com auxílio do software CompuSyn. Adicionalmente, foi avaliada a toxicidade dos mesmos fármacos para células H9c2. Nesse caso, células não infectadas foram incubadas com diferentes concentrações dos fármacos e após 72 horas a viabilidade foi avaliada utilizando o corante resazurina. Os valores de IC-50 obtidos usando as células H9c2 (6,36±1,61µM; 25,85±4,31 µM e 0,96±0,17 nM para benznidazol, fex-sulfona e ravuconazol, respectivamente) e Vero (1,55±1,12 µM; 12.66±2,31µM e 3,31±1,42nM) mostraram que os fármacos mantiveram a escala de atividade esperada (nanomolar para ravuconazol) e micromolar para fex-sulfona e benznidazol, independentemente do tipo celular avaliado. Esse resultado corrobora dados da literatura que demonstram que fármacos da classe dos inibidores da biossíntese de ergosterol, como o ravuconazol, apresentam elevada potência in vitro. Para fex-sulfona e benznidazol, a concentração necessária para inibir a proliferação da cepa Y de T. cruzi nas células H9c2 foi cerca de duas vezes maior do que a necessária para o mesmo efeito quando utilizadas células Vero. No entanto, relevância desse resultado será melhor investigada. Em relação à toxicidade, o ravuconazol não foi tóxico para células H9c2 mesmo em concentrações cerca de 300 vezes maiores que o valor médio de IC-50. Por outro lado, quando utilizados a 300 µM, benznidazol e fex-sulfona induziram redução na viabilidade celular em cerca de 20%. Os resultados obtidos sugerem que a utilização de células H9c2 ou Vero não exerceu influência marcante na atividade dos diferentes fármacos estudados, considerando a infecção pela cepa Y do parasito. Novas avaliações serão realizadas com os mesmos fármacos, porém utilizando outras linhagens de células, bem como culturas celulares primárias para finalização do estudo.
Referência 1:IC - AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO TIPO CELULAR HOSPEDEIRO NA ATIVIDADE ANTI -TRYPANOSOMA CRUZI DE DIFERENTES FÁRMACOS IN VITRO