LIMITES E POSSIBILIDADES APRESENTADAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS INOVADORAS NA EPJA
Resumo:A consolidação da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA) no contexto brasileiro se deu em um cenário de constantes lutas e movimentos de educação popular. É clara a evolução que essa modalidade de ensino sofreu ao longo do tempo quanto às suas leis, porém, a EPJA ainda é tida como uma segunda chance para aqueles alunos/as que foram excluídos da modalidade de ensino tida como regular. Esse entendimento da EPJA não leva em consideração que esses/as alunos/as não são os mesmos do ensino regular, desconsiderando assim que possuem uma trajetória sócio-étnico-racial, assim como um papel na sociedade (ARROYO, 2006). Mediante essa necessidade e sabendo que ações educativas dialógicas são fundamentais para ampliar o processo de ensino e de aprendizagem e contribuir para a superação do fracasso escolar, damos destaque a uma delas: grupos interativos. A implementação dos grupos interativos em salas de aula vêm mostrando resultados cada vez mais positivos quanto ao diálogo e a interação entre os/as alunos/as e o/a professor/as, além de potencializar a aprendizagem. Os grupos interativos são uma ação de êxito educativa que fazem parte da Comunidade de Aprendizagem. De forma geral, as Comunidades de Aprendizagem é um projeto desenvolvido por autores e autoras que fazem parte do CREA-Barcelona e que buscam, por meio desse projeto e do projeto INCLUD-ED, desenvolver atividades que busquem a superação das desigualdades, bem como buscam uma maior participação da comunidade no contexto escolar. Pressupondo que os grupos interativos contribuem positivamente para os diferentes tipos de aprendizagem dos sujeitos envolvidos, além de melhor interação entre eles, temos como objetivo geral identificar os limites e as possibilidades da implementação de práticas dialógicas, dando ênfase aos grupos interativos, para o ensino de química na EPJA, e analisar em que medida a implementação dessas práticas modificou o ambiente escolar quanto à aprendizagem dos/as alunos/as e as interações entre os/as envolvidos/as. A metodologia adotada como forma de coletar e analisar os dados foi a Metodologia Comunicativa Crítica (MCC). A fim de alcançar objetivos tais como transformação da comunidade e superação de desigualdades sociais, a MCC foi elaborada também pelo CREA – Barcelona e possui como bases teóricas a Ação Dialógica de Freire e a Ação Comunicativa de Habermas. O referencial teórico utilizado foi a Aprendizagem Dialógica, também elaborada pelo CREA e com bases teóricas em Paulo Freire e Habermas. Os resultados mostraram que a implementação dos grupos interativos propiciou uma maior interação entre os/as alunos/as, levando-os a resolver seus conflitos de forma dialógica. Além disso, a abertura de um espaço voltado para o diálogo dentro da sala de aula (como a leitura do diário de campo comunicativo), nos mostra que todas as pessoas são capazes de participar do processo de diálogo, independente das suas dificuldades, ou facilidades, de aprendizagem. Em termos de dificuldades, temos a mudança da prática da professora, mesmo motivada pelos princípios da Aprendizagem Dialógica. Esta dificuldade na mudança pode se dar, na maioria das vezes, pelo fato de que é mais cômodo utilizar o que está no livro didático pronto do que ter que pensar e formular atividades visando outros objetivos. De forma geral, chegamos à conclusão de que, mesmo com todas as dificuldades elencadas aqui, as possibilidades nos permitem afirmar que é possível a transformação de um ensino tradicional para um ensino dialógico através de metodologias e referenciais teóricos que corroborem com estas ideias.
Referência 1:Outro - Nenhum dos itens da lista